Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) vêm explorando o uso de nanopartículas para tornar o tratamento do câncer de próstata mais eficaz e com menos efeitos colaterais. Recentemente, dois projetos de pesquisa nesse campo conquistaram cartas-patentes, avançando para etapas mais próximas de um uso em seres humanos.
O primeiro estudo visa melhorar a eficácia do tratamento de câncer de próstata em estágios mais avançados. A equipe desenvolveu lipossomas, pequenas estruturas biodegradáveis formadas por camadas de gordura, que podem encapsular substâncias e são consideradas uma das classes de nanomedicamentos mais promissoras.
Esses lipossomas têm a capacidade de carregar o medicamento anticâncer cabazitaxel, com a inovação de contar com um anticorpo na sua superfície. Esse anticorpo, chamado cetuximabe, direciona o remédio diretamente para o tumor, garantindo maior precisão na aplicação.
O cabazitaxel é comumente utilizado em casos de câncer metastático, onde as células cancerígenas se espalharam para outras partes do corpo e já não respondem bem aos tratamentos convencionais. O cetuximabe, por sua vez, tem a função de bloquear o receptor EGFR, responsável pela proliferação das células tumorais, induzindo sua morte. O uso combinado desses dois agentes em um único tratamento tem mostrado ser uma estratégia promissora.
Segundo o professor Josimar Eloy, do Departamento de Farmácia da UFC e um dos autores da pesquisa, o uso de anticorpos oferece uma maior seletividade, permitindo que o tratamento atue especificamente nas células tumorais e minimizando os efeitos colaterais. Essa abordagem pode representar uma melhoria, já que o cabazitaxel é conhecido por causar efeitos colaterais, como náuseas e anemia, ao afetar células saudáveis.
Substâncias Naturais
Em outra linha de pesquisa, a UFC está investigando o uso de substâncias naturais para o tratamento do câncer de próstata. Uma nanoemulsão, que mistura óleo e água, foi desenvolvida para incorporar o ácido betulínico, um composto extraído da bétula branca, árvore conhecida por suas propriedades anticâncer. Essa substância, embora potente contra diversos tipos de câncer, tem baixa solubilidade, o que limita sua utilização clínica.
A solução para esse problema foi encapsular o ácido betulínico em uma nanoemulsão, utilizando o óleo de Calotropis procera, uma planta do semiárido nordestino com propriedades anti-inflamatórias e anticâncer. A combinação dessas duas substâncias em nanopartículas visa aumentar a eficácia e a segurança do tratamento, direcionando os compostos diretamente para as células cancerígenas e minimizando os danos às células saudáveis.
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