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Pesquisas em madeiras fósseis de 145 milhões de anos revelam mistérios sobre o Cariri

Foto: Reprodução

A pesquisa que desvendou alguns mistérios sobre como eram a paisagem e distribuição geográfica de plantas nunca antes encontradas nos trópicos do Gondwana, foi liderada pela paleobotânica Dra. Domingas Maria da Conceição, pesquisadora visitante do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (MPPCN-URCA), em colaboração com a paleobotânica e professora da URCA, Dra. Maria Edenilce Peixoto Batista. Além disso, o estudo contou com a parceria e colaboração de pesquisadores brasileiros de diferentes e importantes universidades, como: Dr. Roberto Iannuzzi e Dr. William Vieira Gobo (Universidade Federal do Rio Grande do Sul); e Rodrigo Scalise Horodysk (Universidade do Vale do Rio dos Sinos). 

O estudo descreve duas espécies de madeiras de coníferas, e foi publicada na Cretaceous Research, uma revista científica de alto impacto dedicada à publicação de pesquisas científicas, especialmente sobre o período Cretáceo, mas também sobre o Jurássico.

No artigo, é apresentada uma nova espécie para a ciência (Metapodocarpoxylon brasiliense) e outra já registrada no Cretáceo Inferior da Patagônia Argentina (Agathoxylon mendezii), agora reportada pela primeira vez no Brasil. Essas madeiras têm cerca de 145 milhões de anos e provêm das rochas da Formação Missão Velha, onde a unidade geológica está posicionada entre o Jurássico Superior e o Cretáceo Inferior. As amostras foram coletadas no Geossítio Floresta Petrificada do Cariri (Missão Velha) e em outros afloramentos do município de Brejo Santo, ambos no estado do Ceará. 

De acordo com a Dra. Domingas Conceição, essa pesquisa é de extrema relevância não apenas para a região da Chapada do Araripe e Geopark Araripe, mas, para o Mesozoico Brasileiro, haja vista que pesquisas nesse âmbito ainda são raras no País. Os resultados apresentados são inéditos e valiosos, revelando quais tipos de plantas viviam na região do Cariri há aproximadamente 145 milhões de anos, além de fornecerem informações importantes sobre as condições climáticas daquela época e trazer, pela primeira vez, a reconstrução da paisagem desse intervalo de tempo em forma de paleoarte para os ambientes Formação Missão Velha.

O gênero Metapodocarpoxylon, até o momento estava restrito ao norte de Gondwana, especialmente ao Norte da África, e agora está sendo registrado pela primeira vez em paleofloras brasileiras. Os pesquisadores destacam que o registro de plantas semelhantes às do Norte da África era esperado para a Bacia do Araripe, considerando que, há aproximadamente 145 milhões de anos, os continentes ainda estavam conectados. Nesse contexto paleogeográfico, as regiões correspondentes à Bacia do Araripe e ao Norte da África eram próximas. Adicionalmente, as condições paleoclimáticas entre essas áreas eram semelhantes durante esse período.

 

As análises dos anéis de crescimento das madeiras analisadas sugerem um paleoclima moderadamente sazonal, com estações chuvosas e secas, para os ambientes da Formação Missão Velha, interpretações que foram corroboradas por dados geológicos.

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