A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta sexta-feira (12), a Operação Transparência, com o objetivo de investigar possíveis irregularidades na destinação de recursos públicos por meio de emendas parlamentares. A ação foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), e incluiu o cumprimento de dois mandados de busca e apreensão em Brasília (DF), um deles na residência do principal alvo e outro em dependências da Câmara dos Deputados.
Alvo principal: Mariângela Fialek, a “Tuca”
O foco da investigação é Mariângela Fialek, apelidada de Tuca, servidora da Câmara dos Deputados com forte atuação na operacionalização de emendas parlamentares, especialmente durante o período em que o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi presidente da Casa, entre 2021 e 2025.
Conforme registros oficiais do Portal da Transparência da Câmara dos Deputados, Tuca está nomeada desde 2021, quando Lira ainda era presidente da Casa, e atualmente ocupa cargo de natureza especial na liderança do PP, com remuneração bruta de R$ 23.732,92 por mês.
O que a investigação apura
A PF, sob autorização do STF, investiga se recursos públicos destinados por meio de emendas parlamentares foram destinados de forma irregular ou desviados de sua finalidade constitucional. Entre os crimes que estão sendo apurados estão:
- Peculato
- Falsidade ideológica
- Uso de documento falso
- Corrupção
As diligências incluem a apreensão de documentos, dados telemáticos e aparelhos eletrônicos que possam auxiliar nas investigações, além da coleta de depoimentos e análise de registros internos de controle de emendas.
Busca e apreensões e ambiente político
Agentes federais cumpriram mandados tanto na residência de Mariângela quanto em salas do anexo 2 da Câmara onde ela atuava ou tinha acesso regular como servidora e assessora. Em um dos locais, em espaço tradicionalmente associado à Presidência da Casa, foram apreendidos materiais que agora passam por análise pericial.
A operação ocorre em um contexto de tensão institucional entre o STF e o Congresso, marcado por embates públicos sobre a transparência e controle das emendas parlamentares. Nos últimos anos, decisões judiciais, ações de partidos como PSOL e representações da sociedade civil pressionaram por maior transparência na execução das emendas de comissão e outros mecanismos orçamentários.
Reações e posicionamentos
Até o momento, nem a defesa de Mariângela Fialek nem lideranças do PP ou do Congresso se pronunciaram oficialmente sobre o teor da investigação. Parlamentares próximos a Lira têm defendido que indicar e coordenar emendas não constitui em si irregularidade, ressaltando que propostas orçamentárias fazem parte das funções institucionais dos parlamentares e seus assessores, opinião que, porém, não altera o curso das apurações conduzidas pela PF.
Arthur Lira, ex-presidente da Câmara e atual líder do PP, já havia sido mencionado por aliados em conversas políticas como alguém que vê a operação como possível retaliação institucional às recentes ações do STF contra práticas relacionadas à falta de transparência no uso de emendas.
Próximos passos
A Polícia Federal continua as diligências e deve analisar os materiais apreendidos para identificar responsáveis, eventuais práticas criminosas e suas consequências legais. Dependendo do resultado das investigações, a operação poderá ter novas fases, indiciamentos ou medidas cautelares adicionais.


