
Todas as 27 unidades da federação registraram crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, em relação ao ano anterior. As maiores altas ocorreram no Acre (14,7%), Mato Grosso do Sul (13,4%), Mato Grosso (12,9%), Tocantins (7,9%) e Rio de Janeiro (5,7%). Já as menores variações foram em Pará (1,4%), São Paulo (1,4%), Rio Grande do Sul (1,3%) e Rondônia (1,3%). A última vez que o PIB avançou em todos os estados foi em 2021. O PIB nacional cresceu 3,2% em 2023.
Os dados são do Sistema de Contas Regionais, divulgados hoje (14) pelo IBGE em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus.
O bom desempenho da Agropecuária, especialmente do cultivo de soja, contribuiu decisivamente para o crescimento do PIB do Acre (14,7%), Mato Grosso do Sul (13,4%), Mato Grosso (12,9%) e Tocantins (7,9%). “O avanço do Rio de Janeiro (5,7%) foi impulsionado pelo crescimento das indústrias extrativas, sobretudo de petróleo e gás”, explica a gerente de Contas Regionais, Alessandra Poça.
O setor de Serviços também impactou os resultados dos estados com maior crescimento do PIB em 2023. Administração pública, defesa, saúde, educação e seguridade social influenciaram principalmente o PIB do Acre, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rio de Janeiro. Comércio e manutenção de veículos automotores e motocicletas também contribuiu para os três primeiros e para o Mato Grosso.
No segmento Industrial, além do peso das Indústrias extrativas no Rio de Janeiro, no Mato Grosso do Sul o destaque foi para Eletricidade e gás, água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação, impulsionadas pela geração de energia hidrelétrica. No Mato Grosso, o desempenho das Indústrias de transformação foi favorecido pela produção de álcool e alimentos.
Treze estados têm crescimento inferior à média nacional
Entre os estados com menor crescimento do PIB em 2023, comparado ao ano anterior, estão Pará (1,4%), São Paulo (1,4%), Rio Grande do Sul (1,3%) e Rondônia (1,3%). No Pará, a variação positiva foi limitada pela retração na Agropecuária e na Eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos, destoando do comportamento médio nacional dessas atividades. Em São Paulo, a queda foi influenciada pelas Indústrias de transformação, especialmente defensivos agrícolas e máquinas e equipamentos.
No Rio Grande do Sul, o recuo ocorreu nas Indústrias de transformação, devido ao refino de petróleo e fabricação de máquinas. Em Rondônia, segundo a gerente do IBGE, o crescimento foi afetado pela seca no Norte do país. “Isso reduziu a geração de energia elétrica e a produção de Eletricidade e gás, água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação”, afirma Alessandra.
Outros nove estados tiveram crescimento inferior à média nacional (3,2%), sendo dois do Norte: Amazonas (2,1%) e Amapá (2,9%); seis do Nordeste: Piauí (3,1%), Ceará (3,0%), Paraíba (3,0%), Pernambuco (2,4%), Sergipe (3,1%) e Bahia (2,3%); e um do Sul: Santa Catarina (1,9%).
Sudeste perde participação no PIB nacional
O Sudeste teve queda de 0,3 ponto percentual (p.p.) na participação do PIB entre 2022 e 2023, alcançando 53,0%, após ganho de 1,0 p.p. no ano anterior. Sul (0,2 p.p.) e Norte (0,1 p.p.) tiveram aumento, atingindo 16,8% e 5,8%, respectivamente, depois de perdas em 2022. Nordeste (13,8%) e Centro-Oeste (10,6%) mantiveram suas participações.
No Sudeste, Rio de Janeiro (10,7%) perdeu 0,7 p.p. de participação, apesar do crescimento em volume, devido à redução dos preços internacionais do petróleo nas Indústrias extrativas. São Paulo (31,5%) ganhou 0,4 p.p., puxado por Outros serviços e Atividades financeiras, de seguros e correlatas.
Minas Gerais (8,9%) teve redução de 0,1 p.p., enquanto Espírito Santo (1,9%) registrou aumento de 0,1 p.p. A queda nominal em Indústrias extrativas explicou a perda relativa de Minas Gerais, pois apesar do crescimento em volume, houve queda nos preços do minério de ferro, assim como ocorreu com o petróleo no Rio de Janeiro. No Espírito Santo, o destaque foi o avanço nominal em Comércio e manutenção de veículos automotores e motocicletas.
No Sul, os três estados registraram pequenos ganhos, mas somente Santa Catarina subiu de 4,6% para 4,7%, entre 2022 e 2023, enquanto Paraná (6,1%) e Rio Grande do Sul (5,9%) mantiveram seus percentuais. No Paraná e em Santa Catarina, a Agropecuária foi uma das atividades que mais impactaram o crescimento relativo. Indústrias de transformação impulsionaram os desempenhos relativos de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e Outros serviços se destacou principalmente no Paraná e Rio Grande do Sul.
No Norte, apenas Amazonas (1,5%) e Amapá (0,3%) registraram aumento de participação, ambos de 0,1 p.p. No Amazonas, o desempenho decorreu das Indústrias de transformação, devido à Zona Franca de Manaus, especialmente na produção de bebidas e equipamentos de transporte. No Amapá, o crescimento nominal ocorreu principalmente em Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social, que representou 48,3% da economia estadual.
O Nordeste manteve participação, com variações apenas em Pernambuco (2,5%), que ganhou 0,1 p.p., e na Bahia (3,9%), com queda de 0,1 p.p., relacionadas à produção de petróleo: refino no primeiro e extração no segundo. No Centro-Oeste, apenas Goiás (3,1%) oscilou, com perda de 0,1 p.p., devido ao Comércio e manutenção de veículos automotores e motocicletas e à Agropecuária.
Entre os estados, houve apenas duas mudanças de posição no ranking de participação relativa: Amapá subiu da 26ª para a 25ª posição, assumindo o lugar do Acre. Essa oscilação está ligada ao ganho de participação do Amapá e à queda dos preços da soja no Acre, apesar do bom desempenho em volume.
Em 21 anos, São Paulo e Rio de Janeiro perdem peso na economia nacional
Entre 2002 e 2023, Centro-Oeste e Norte registraram os maiores ganhos relativos no PIB nacional, com avanços de 2,0 p.p. e 1,1 p.p., respectivamente. A única grande região a perder participação foi o Sudeste (-4,4 p.p.), devido à redução de São Paulo (-3,4 p.p.) e Rio de Janeiro (-1,7 p.p.). Mato Grosso teve o maior aumento de participação (1,2 p.p.), seguido por Santa Catarina (1,0 p.p.) e Mato Grosso do Sul (0,6 p.p.).
De 2002 a 2023, o PIB nacional cresceu em média 2,2% ao ano. Centro-Oeste e Norte tiveram os maiores índices médios de crescimento, com 3,4% e 3,2% ao ano, respectivamente, enquanto o Nordeste ficou próximo da média nacional, com 2,4% ao ano. Sudeste e Sul registraram os menores aumentos, com 2,0% e 1,9% ao ano, respectivamente.
Entre os estados, Mato Grosso e Tocantins se destacaram, com variações médias de 5,2% e 4,9% ao ano. Em seguida vêm Roraima (4,5%), Acre (3,9%) e Mato Grosso do Sul (3,7%). Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul tiveram os menores crescimentos médios em volume, com 1,6% e 1,4% ao ano, respectivamente.
Mais sobre a pesquisa
O Sistema de Contas Regionais apresenta dados sobre a composição e evolução do PIB por Unidade da Federação, calculados a partir de estatísticas sobre produção anual, consumo intermediário e valor adicionado bruto de cada atividade econômica. Permite ainda estimar o valor adicionado bruto anual, por setor, em valores correntes e constantes, e o PIB a preço de mercado.
O IBGE está revisando toda a série do Sistema de Contas, que terá 2021 como novo ano-base. Durante o processo, as estimativas continuam sendo divulgadas no ano-base 2010. Quando a nova série for publicada, os resultados serão reapresentados de forma definitiva, integrados ao Sistema de Contas Nacionais.


