Fazem 30 anos hoje (01.07) que a economia mundial passou a ter um dos planos mais inovadores: o Real. Foi nessa data, há três décadas, que a moeda desgastada pela inflação chamada de cruzeiro real, cedeu lugar ao real, que estabilizou a economia do Brasil. Vista como arriscada, a aposta envolveu uma espécie de engenharia social para desindexar a inflação depois de sucessivos planos econômicos que não deram certo.
A Unidade Real de Valor (URV), um superindexador chegou a ser criado na época, pela equipe econômica do governo federal que tinha como presidente Itamar Franco. Tudo em meio a vários indexadores que existiam para corrigir preços e salários. Detalhe: durante três meses, todos os preços e salários foram discriminados em cruzeiros reais e em URV. A cotação variava todo dia e era mais ou menos atrelada ao dólar. Isso até a data da criação do real, em que R$ 1 valia 1 URV, que, por sua vez, valia 2.750 cruzeiros reais.
O economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real, concedeu entrevista à TV Brasil, durante o lançamento do livro sobre os 30 anos do plano econômico, em São Paulo, onde comentou: “Tem uma expressão popular ótima, que é o engenheiro de obra feita. Depois que fez, dizia: ´Ah bom, devia ter feito assim.’ Mas durante o processo… Vamos lembrar, foi um processo extraordinariamente arriscado, difícil, com percalços, podia ter dado errado em vários momentos”, pontuou.
Além de indexar a economia, a URV realinhou o que os economistas classificam de preços relativos, que medem a quantidade de ítens de bens e de serviços distintos que uma mesma quantia consegue comprar. O plano deu certo por estar aliado a um câmbio fixo, no primeiro momento, e a juros altos, para atrair capital externo. É importante lembrar, também, que em junho de 1994, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tinha chegado a 47,43%. O indicador caiu para 6,84% em julho e apenas 1,71% em dezembro de 1994.
No Plano Cruzado, em 1986, passou a vigorar uma ideia parecida: a estabilização naufragou porque o congelamento alongou-se mais que o esperado e, temendo repercussões nas eleições parlamentares daquele ano, a primeira pós-ditadura, o governo José Sarney não implementou medidas de controle monetário (juros altos) e fiscal (saneamento das contas públicas). E tem mais: na época, não existia a Secretaria do Tesouro Nacional para centralizar as contas do governo, e os gastos públicos eram parcialmente financiados pelo Banco Central e Banco do Brasil.
Mas é preciso destacar, que o sucesso do Plano Real não se deve apenas à URV. O Congresso Nacional foi fundamental para aprovar medidas que saneavam as contas públicas, num momento difícil e de cansaço com a hiperinflação. A criação do Fundo Social de Emergência foi uma delas, que desvinculou parte das receitas do governo e flexibilizou a execução do Orçamento ainda no segundo semestre do ano de 1993.
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