Apesar do anúncio feito pela Petrobras no início da semana sobre a redução de R$ 0,12 no preço do litro da gasolina nas refinarias, o corte ainda não chegou com força ao consumidor final. Levantamentos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da empresa ValeCard apontam que a queda foi tímida: o valor médio nacional recuou apenas R$ 0,02, encerrando a semana em R$ 6,25.
Segundo a ValeCard, entre os dias 1º e 6 de junho, apenas dez estados registraram alguma redução nos preços, e em apenas três a queda ultrapassou R$ 0,05 por litro — bem abaixo do esperado pela própria estatal. Esse foi o primeiro corte no preço da gasolina em 2025, e o governo esperava um repasse mais rápido ao consumidor.
A lentidão reacendeu críticas antigas. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, chegou a sugerir que os próprios consumidores pressionem os postos. Já o sindicato dos postos do Paraná (Paranapetro) rebateu, responsabilizando as distribuidoras, que, segundo o grupo, demoram a repassar os descontos às revendas.
A situação revela a complexidade da cadeia de combustíveis no país. O caso do diesel é ilustrativo: desde o pico de R$ 5,72 em fevereiro, o preço nas distribuidoras caiu R$ 0,37, enquanto nos postos a retração foi de R$ 0,39. Ainda assim, nesta semana o recuo desacelerou, com o diesel S-10 caindo apenas R$ 0,01, sendo vendido, em média, a R$ 6,05.
O etanol hidratado também teve redução modesta, influenciado pelo início da moagem da nova safra de cana-de-açúcar. O preço médio ficou em R$ 4,24, com queda semanal de R$ 0,03. Desde fevereiro, o recuo acumulado é de R$ 0,15.
A gasolina, por sua vez, tem peso significativo no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que serve de referência para a inflação e a política de juros. De acordo com o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), se o corte anunciado pela Petrobras fosse integralmente repassado, o impacto poderia ser uma redução de 0,10 ponto percentual na inflação.
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