Neste sábado (23/11), Carlos Alberto Queiroz Pereira, conhecido como Bebeto Queiroz (PSB) e eleito prefeito de Choró, se apresentou à Polícia Civil após ser considerado foragido. A entrega ocorreu de maneira voluntária, em uma delegacia de Fortaleza. Um dia antes, na sexta-feira (22/11), o atual prefeito da cidade, Marcondes Jucá (PT), havia sido preso durante a Operação “Ad Manus”, conduzida pelo Ministério Público do Ceará (MPCE).
A ação também resultou no afastamento do atual prefeito e de um servidor da Secretaria de Transportes de suas funções por 180 dias. Esse último citados também foi preso sob suspeita de envolvimento no esquema investigado.
Segundo a Polícia Civil, um mandado de prisão temporária contra um homem foi cumprido pela Delegacia de Capturas e Polinter (Decap). Quanto a Bebeto, ele já tinha antecedentes criminais por porte ilegal de arma de fogo.
Esquemas
De acordo com documentos obtidos pelo Ministério Público, Marcondes Jucá, logo no início de sua gestão, em 2017, decretou estado de emergência no município. A medida permitiu que ele contratasse um posto de combustíveis sem licitação, mas a empresa escolhida cobrava valores muito acima dos praticados no mercado. O MP revelou que parte da quantia paga era devolvida ao grupo político do prefeito.
Além disso, veículos sem vínculo oficial com a Prefeitura foram abastecidos sem qualquer tipo de controle. Um servidor público, apontado como operador do esquema, destruía comprovantes para ocultar os beneficiários. Posteriormente, os gastos eram registrados como pertencentes à frota municipal.
As investigações indicam que Marcondes Jucá e Bebeto Queiroz estavam diretamente envolvidos em contratos fraudulentos da Prefeitura. Empresas controladas por ambos conseguiam contratos públicos de alto valor e, em contrapartida, repassavam propinas aos dois gestores.
Com apoio de Marcondes, Bebeto foi eleito com 61,1% dos votos válidos (5.971 votos). O Ministério Público afirma que, juntos, eles coordenavam esquemas milionários envolvendo obras e serviços contratados pelo município.
Benefícios Ilegais
O alcance do esquema não se limitava à administração direta. O prefeito Marcondes Jucá teria usado recursos municipais para conceder vantagens ilícitas a vereadores e servidores públicos, como dinheiro, combustível e até facilidades no agendamento de exames médicos.
Como parte da operação, 35 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Choró, Canindé, Quixadá e Madalena. Aparelhos eletrônicos, documentos e outros materiais relacionados aos contratos suspeitos foram recolhidos pelas autoridades.
A Justiça determinou o afastamento, por 180 dias, do prefeito, de vereadores e de servidores envolvidos no esquema, além da rescisão imediata dos contratos da Prefeitura com as empresas investigadas. Os suspeitos poderão responder por crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, falsificação de documentos e outros delitos relacionados à administração pública.
Acompanhe mais notícias da Rede ANC através do Instagram, Spotify ou da Rádio ANC.