Com a recente imposição de tarifas de até 50% por parte do governo dos Estados Unidos sobre produtos importados, o setor produtivo do Ceará acende o sinal de alerta. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Ricardo Cavalcante, afirmou que a medida deve afetar diretamente cadeias produtivas essenciais, especialmente as de pescado e castanha de caju, que têm forte dependência do mercado norte-americano.
“O Ceará hoje, dentro do país, é o estado com o maior percentual de exportação, dentro da sua base, para os Estados Unidos. Não é o maior em volume financeiro, mas proporcionalmente, somos os mais impactados”, disse Cavalcante. Entre os principais produtos cearenses vendidos aos norte-americanos estão o aço, pescado, cera de carnaúba, castanha, calçados, granitos e couros.
Setor pesqueiro pode parar
De acordo com o presidente da FIEC, um dos segmentos mais afetados será o da pesca, cuja temporada está apenas começando. “Temos hoje mais de seis mil barcos pescando no estado. A temporada de lagosta, peixe vermelho e atum começou agora, e essas embarcações estão no mar. Cada barco leva de três a quatro tripulantes, e para cada pessoa no mar, há pelo menos cinco trabalhando em terra”, explicou.
Mais de 90% da produção de peixe vermelho do Ceará tem como destino os Estados Unidos. Com a nova tarifa, exportar se torna inviável economicamente. “As pessoas estão voltando do mar e não temos como comprar o produto, porque não temos para onde vender”, lamentou Cavalcante.
A cadeia da pesca no Ceará envolve diretamente mais de 40 mil pessoas, entre pescadores, processadores e trabalhadores em atividades de suporte. Com o aumento da tarifa, Cavalcante alerta que a cadeia corre risco de paralisar. “Essa é uma das cadeias mais estruturadas do estado, e precisa de uma ação urgente”, afirmou.
Outro setor citado por Cavalcante é o da castanha de caju, cuja safra também está começando. O Ceará é o maior fornecedor do país, e grande parte da produção também tem os EUA como destino. “Com a sobretaxa, que no caso da castanha chega a 30%, a situação se torna muito difícil. As famílias começam a colher e processar agora para vender ao longo do ano. Esse impacto compromete toda a renda”, alertou.
Apelo por medidas urgentes
Cavalcante finalizou sua fala com um apelo por medidas rápidas para mitigar os impactos da tarifa. “Os Estados Unidos são um dos melhores mercados do mundo para se exportar, com preços muito competitivos. Essa sobretaxa compromete cadeias inteiras e milhares de empregos. Precisamos agir com urgência”, reforçou.
Ver essa foto no Instagram
Acompanhe mais notícias da Rede ANC através do Instagram, Spotify ou da Rádio ANC