Um reencontro improvável emocionou profissionais e pacientes do Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, após a equipe do Serviço Social conseguir localizar a família de um homem internado sem referências. A mobilização resultou na aproximação de dois irmãos que não se viam havia 28 anos, transformando a rotina da unidade em meio ao clima de fim de ano.
Internado desde 26 de novembro, o autônomo Paulino Alves de Melo, 55, deu entrada no HRN com quadro de vômitos frequentes e paralisia facial. Após avaliação neurológica, recebeu indicação para tratamento trombolítico, usado em casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Confuso após o episódio e sem familiares na cidade, ele não conseguiu repassar informações que ajudassem a identificar seus parentes.
Diante da situação, a equipe do Serviço Social iniciou uma busca minuciosa para confirmar a identidade do paciente e localizar familiares. A primeira tentativa aconteceu no Centro de Saúde da Família (CSF) do bairro onde ele morava, mas nenhum vínculo foi encontrado. Com a conferência correta dos dados, surgiram novas pistas: Paulino era natural do município de Graça, a 68 km de Sobral.
Com essa informação, o HRN acionou a assistência social de Graça, que começou a procurar familiares. Nos primeiros dias, não houve retorno. Porém, pouco depois, o município informou ter localizado uma mulher que poderia ser irmã do paciente, residente em São Benedito. Ela recebeu as informações e decidiu viajar imediatamente até Sobral.
Ao chegar ao hospital, Carmelita Alves de Melo, 62, foi conduzida ao leito. O reconhecimento aconteceu no primeiro olhar. Em silêncio, ela se aproximou e confirmou o que buscava há décadas: o homem internado era o irmão que saiu de Graça para trabalhar em Brasília quase 30 anos antes e nunca mais retornou. Sem notícias por tanto tempo, a família chegou a acreditar que ele pudesse ter morrido.
“Agora que sei que ele está vivo, vou fazer o possível para cuidar dele. Quero levá-lo para casa assim que estiver liberado”, afirmou Carmelita.
Para a assistente social Isla Mayra, da Unidade de AVC Agudo, localizar familiares é essencial para garantir decisões legais e assegurar a continuidade do cuidado após a alta. “A articulação com outros municípios faz toda a diferença. As equipes respondem rápido e isso fortalece a rede de apoio do paciente”, destacou.
Com o estado de saúde estabilizado e sob acompanhamento multiprofissional, Paulino permanece internado enquanto a família se organiza para recebê-lo novamente. Às vésperas do Natal, a história ganhou contornos de recomeço, e transformou a rotina do hospital em um cenário de esperança.
