Com o propósito de acolher e oferecer escuta qualificada, o Judiciário da Comarca de Pacatuba realizou, pela terceira vez e a primeira neste ano, uma roda de conversa voltada a mulheres vítimas de violência doméstica. A iniciativa reúne representantes da Delegacia da Mulher, Casa da Mulher, Patrulha Maria da Penha, Defensoria Pública, Ministério Público, Judiciário, além de profissionais das áreas da saúde e assistência social, formando uma rede interinstitucional de apoio.
A ação é conduzida pela juíza Bruna Rodrigues, titular da 1ª Vara da Comarca, premiada nacionalmente com o Prêmio Juíza Berta Lutz. Reconhecida por sua atuação humanizada, Bruna destaca que conceder medidas protetivas é apenas o primeiro passo no amparo às vítimas.
“A concessão da medida protetiva é o começo, mas é o mínimo. Essas mulheres precisam de muito mais. Precisam saber que não estão sozinhas, precisam confiar na rede que existe para apoiá-las”, comentou.

O projeto também cumpre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, ao fortalecer políticas públicas de prevenção à violência e promoção da equidade de gênero. Para a técnica judiciária Kássia Lanelly, do Comitê de Equidade de Gênero do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o projeto investe na atuação além do Tribunal.
“Nós queremos estar perto das unidades, apoiando iniciativas que promovam a equidade de gênero de forma efetiva. A violência contra a mulher atinge não apenas a vítima, mas atravessa toda a estrutura social. Quanto mais mulheres em espaços de gestão e decisão, mais profundo será o olhar sobre essas questões. E mais humanas serão as políticas implementadas”, disse.
Dinâmica
A roda de conversa é, para muitas participantes, o primeiro ambiente em que conseguem relatar, com liberdade e segurança, os episódios de violência vividos. São relatos de tentativas de feminicídio, abusos psicológicos, agressões físicas e abandono. No encontro, essas mulheres reencontram um caminho possível de reconstrução.
“Acompanhamos semanalmente os processos com medidas protetivas e identificamos aqueles com maior potencial de evoluir para o feminicídio. O uso de drogas, transtornos mentais ou reincidência são sinais de alerta. Também olhamos com cuidado os casos em que a mulher ainda deseja manter a relação, mas precisa de proteção”, explicou a juíza.
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