Data extremamente importante para os fiéis cristãos, a Semana Santa revisita a morte e a ressurreição de Cristo. Segundo a tradição, o Filho de Deus veio para trazer salvação à humanidade. Os festejos iniciam no Domingo de Ramos, quando os católicos se reúnem em procissão com ramos de plantas para a benção. O ato representa a caminhada do povo junto ao Salvador.
De acordo com o calendário litúrgico, a próxima comemoração é a da Sexta-Feira da Paixão. Conforme ensina a tradição cristã, nesse dia Jesus foi levado ao Calvário para ser crucificado. Nessa data comumente os fiéis se reúnem em jejum e oração em memória ao sacrifício de Cristo.
Após a semana reflexiva para os fiéis, o período festivo é encerrado com o tradicional Domingo de Páscoa, que representa a ressurreição do Salvador. Esse é o ápice do Cristianismo e consolida a liberdade do povo de Deus.
Apesar de tantos simbolismos já citados, as tradições que permeiam a época vão muito além e possuem suas particularidades. Ao longo do tempo e com o passar das gerações, hábitos são incorporados nas famílias que passam a reproduzir aquilo que lhes foi ensinado sem nem ao menos saber como surgiram.
Como conta a aposentada Dona Nazaré, há umas décadas a obediência às tradições eram seguidas à risca e havia, inclusive, um temor em mantê-las. “Naquela época a gente tinha muito respeito pelos dias santos. Entrava a semana caçadeira, não sei se hoje ainda tem, mas era chamada assim porque a gente comprava as coisas, já que na Semana Santa não podia comprar nada”, relembrou.
Filha de Dona Nazaré, a professora Maria do Socorro revela outras tradições que foram ensinadas a ela ainda na infância. Hábitos esses que a educadora fez questão de repassar para a sua filha, a jovem Rayana de 24 anos de idade.
“Nós não podíamos tomar banho a qualquer hora, tinham os horários marcados. Eu, como tenho nome de Maria, não podia pentear o cabelo de jeito nenhum. Minha mãe trançava o meu cabelo na quinta-feira e eu tinha que passar a sexta-feira todinha com o cabelo trançado sem poder pentear”, citou Maria.
Para Rayana, a geração atual não se mantém tão fiel às tradições quanto antigamente, mas é importante manter esses hábitos vivos. Conforme foi orientada desde cedo, a bióloga explica que deve-se evitar palavras desnecessárias que causem mal estar, prezar pelo silêncio e não fazer festas nesse período, que revive um momento tão doloroso para a fé cristã.
“É importante evitar estresse, ir às missas. É preciso estar sempre contrito, fazer as orações. Também há a questão do jejum e não comer a carne vermelha”, complementou.
Em se tratando de jejum, o Padre Carlos Alberto explica que a prática deve ser feita com o objetivo de se assemelhar com o caráter de Cristo. No entanto, a abstinência não se resume apenas aos alimentos, mas também de hábitos e comportamentos.
“Eu tenho que jejuar de coisas que não me assemelham ao Senhor. Se eu falo mal das pessoas, então o meu coração não está semelhante ao de Deus. E tem também a oração, que não é só rezar aquela oração vocal, tradicional, mas é a oração que faz você ter uma experiência com Deus”, esclareceu.
Entre as tradições mais comuns estão a distribuição de pães de coco, que funciona como um simbolismo da partilha do pão na Santa Ceia; a malhação do Judas, que consiste na exposição e na queima de um boneco em via pública para simbolizar o fim trágico de Judas Iscariotes; além da reprodução da Via Sacra, que representa um exercício de piedade onde os fiéis meditam o caminho percorrido por Jesus rumo ao Calvário.
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