No ano de 2023, o ramo de serviços não financeiros empregou 15,2 milhões de pessoas em 1,7 milhão de empresas em atividade, registrando R$ 592,5 bilhões em salários, pró-labores e demais formas de remuneração, além de uma receita operacional líquida de R$ 3,2 trilhões. Pelo terceiro ano consecutivo, o número de pessoas ocupadas alcançou um recorde e, de maneira inédita, os serviços profissionais, administrativos e complementares passaram a liderar em participação na receita do setor, com 29,2%. O valor adicionado bruto somou R$ 1,9 trilhão. As informações são da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), divulgada nesta terça-feira (27) pelo IBGE.

Realizada desde 1998, a PAS apresenta um panorama estrutural das empresas que atuam com serviços não financeiros no Brasil. Esse segmento possui peso significativo no Produto Interno Bruto (PIB) e no mercado de trabalho formal, além de envolver uma ampla diversidade de atividades, com diferentes capacidades de geração de renda, empregos e uso de tecnologias.
A pesquisa contempla sete grandes grupos, que reúnem 34 atividades: Serviços voltados majoritariamente às famílias; Serviços de informação e comunicação; Serviços profissionais, administrativos e complementares; Transportes, atividades auxiliares de transporte e correios; Atividades imobiliárias; Serviços de manutenção e conserto; e Outras atividades de serviços. Na divisão regional, a PAS analisa 13 atividades. A série histórica tem início em 2007.

Em 2023, a receita bruta gerada pelas empresas do setor somou R$ 3,4 trilhões. Desse total, 97% vieram da atividade principal de prestação de serviços, enquanto o restante correspondeu a ganhos advindos de atividades secundárias, como operações industriais, de construção civil e revenda de produtos.
A receita operacional líquida, que considera descontos, devoluções e tributos atingiu R$ 3,2 trilhões. Entre os sete segmentos investigados, o grupo de Serviços profissionais, administrativos e complementares obteve a maior representatividade, alcançando 29,2% da receita ocupando, pela primeira vez, o primeiro lugar no ranking.
“O resultado de Serviços profissionais, administrativos, profissionais e complementares foi influenciado pela atividade de Serviços técnico-profissionais (serviços prestados por escritórios de advocacia, contabilidade, arquitetura etc.), que representou 12,6% do setor de serviços em 2023. Houve um crescimento expressivo de participação em relação ao período pré-pandemia de COVID-19, com ganho de 2,1 p.p. entre 2019 e 2023”, explica Marcelo Miranda, gerente de Análise Estrutural do IBGE.
Na sequência, o segmento de Transportes, serviços auxiliares e correios representou 28,1% da receita; seguido por Informação e comunicação (19,8%); Serviços voltados às famílias (11,5%); Outras atividades (7,6%); Atividades imobiliárias (2,6%); e Manutenção e conserto (1,3%).
O grupo de Transportes, que liderava a receita líquida desde 2010, perdeu a posição para os Serviços profissionais, administrativos e complementares. Desde 2014, sua participação diminuiu em 1,3 ponto percentual. Em contrapartida, o novo líder do ranking cresceu 2,7 pontos no mesmo período.
Entre 2014 e 2023, o grupo Outras atividades de serviços expandiu sua participação em 2,8 p.p., puxado pelo aumento dos Serviços auxiliares financeiros, de seguros e previdência complementar, que cresceram 2,5 p.p.
Já os Serviços de informação e comunicação passaram pela maior mudança estrutural desde o início da série histórica da PAS. Sua participação na receita caiu 11,4 pontos percentuais desde 2007, e 3,6 p.p. apenas entre 2014 e 2023. O maior recuo veio das Telecomunicações, que perderam 5,9 p.p. no período. Em contrapartida, Tecnologia da informação foi o destaque positivo, ganhando 4,5 p.p., enquanto os Serviços audiovisuais caíram 1,3 p.p.
“A variação positiva da atividade de Tecnologia da informação não foi suficiente para compensar a perda verificada em Telecomunicações nos últimos 10 anos, que pode ser explicada por mudanças regulatórias e comportamentais recentes, contemplando empresas de telefonia, internet, TV por assinatura, entre outras”, observa Marcelo.
As atividades voltadas às famílias mantiveram estabilidade, com leve recuo de 0,2 p.p. entre 2014 e 2023. Os Serviços de alimentação (63,5%) e de hospedagem (14,1%) foram os que mais contribuíram para a receita do grupo. Ainda assim, a participação dos serviços de alimentação caiu 2,5 p.p. — sendo 2,1 p.p. apenas entre 2019 e 2023.
Por fim, as Atividades imobiliárias representaram 2,6% da receita líquida em 2023, enquanto os Serviços de manutenção e conserto responderam por 1,3%. Em dez anos, esses dois grupos apresentaram, respectivamente, alta de 0,1 p.p. e queda de 0,4 p.p.