Pela primeira vez, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) vai permitir o uso das notas das três edições mais recentes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — 2023, 2024 e 2025 — para a seleção de candidatos em universidades públicas.
Ou seja: o estudante que realizou o Enem 2023, por exemplo, e que nem chegou a se inscrever na edição atual da prova, também poderá concorrer a vagas por meio do programa.
A mudança está prevista no Edital nº 22/2025, publicado no Diário Oficial da União e disponível na página do Sisu. Até então, apenas a nota da edição mais recente do exame era aceita.
Critério que permite comparar notas
Mas e se a prova de um ano tiver sido mais fácil? O sistema de correção do Enem é chamado de Teoria de Resposta ao Item (TRI): a nota final não é apenas a soma dos acertos. Essa metodologia mede a coerência do desempenho — se o aluno acertar questões mais complexas e errar as mais simples, o sistema entende que ele pode ter “chutado” as respostas. Consequentemente, receberá uma pontuação menor do que aquele que demonstrou um padrão consistente de respostas.
Uma das razões para o uso da TRI é justamente permitir a comparação de resultados entre diferentes edições do exame.
Como funcionará a seleção?
Segundo o Ministério da Educação (MEC), será considerada a pontuação que gerar a melhor média ponderada para o curso desejado.
- Por que média ponderada? Ao fazer o Enem, os candidatos alcançam determinada pontuação em cada uma das provas (Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Matemática, Linguagens e Redação). Ao se inscreverem no Sisu, a média será diferente dependendo do curso e da universidade escolhidos. Por exemplo: é possível que a graduação em Física atribua um peso maior à nota de Matemática do que um de Jornalismo, que dará maior importância para Ciências Humanas.
- Até a mais recente atualização desta reportagem, o Inep não havia esclarecido se seria possível usar a nota de uma edição na 1ª opção de curso e de outra na 2ª opção.
- A regra de usar as últimas edições da prova no Sisu não vale para quem participou como treineiro, ou seja, só as notas válidas no ano de conclusão do ensino médio (ou em posteriores) poderão ser usadas.
A novidade tem como objetivo ampliar as oportunidades de ingresso no ensino superior, permitindo que o estudante escolha seu melhor desempenho entre as provas mais recentes.
Prazos e adesão das universidades
A alteração já consta no edital de adesão das instituições de ensino superior ao Sisu 2026, cujo prazo ocorre desta segunda-feira (27) até 28 de novembro. Todas as etapas devem ser concluídas por meio da plataforma Sisu Gestão.
As universidades e institutos federais interessados precisam ter finalizado a ocupação das vagas da última edição em que participaram. Durante o período de adesão, será possível reabrir e ajustar o termo de participação antes da assinatura final.
O que é o Sisu
O Sisu é o sistema do governo federal que permite aos estudantes disputarem vagas em universidades públicas de todo o país, usando a nota do Enem.
Desde 2024, o programa passou a ter apenas uma edição por ano, com oferta de cursos cujas aulas se iniciam no primeiro ou no segundo semestre.
Na edição de 2025, foram disponibilizadas 261,7 mil vagas em 6.851 cursos de 124 instituições públicas. No total, 254,8 mil candidatos foram aprovados, sendo 128 mil na ampla concorrência, 111 mil por cotas e 14 mil por políticas afirmativas próprias das universidades.
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