O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta quinta-feira (16/10) a retomada das investigações sobre suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal. A decisão do ministro Alexandre de Moraes atende ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para dar continuidade às diligências.
A investigação, iniciada pela própria PGR, busca apurar possíveis crimes atribuídos a Bolsonaro. São eles: falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de justiça e corrupção passiva privilegiada.
A origem do inquérito iniciou depois das denúncias do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que afirmou que Bolsonaro tentou influenciar politicamente a atuação da Polícia Federal. A primeira fase das apurações, concluída em 2022, descartou irregularidades por parte do ex-presidente, levando o então procurador-geral Augusto Aras a solicitar o arquivamento do caso.

No entanto, o atual procurador-geral, Paulo Gonet, destacou em ofício ao STF que é necessário aprofundar a investigação para determinar se houve interferências ou tentativas de interferência de Bolsonaro. Isso incluiria “o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis”.
Entre os elementos apresentados pela PGR, estão mensagens de WhatsApp trocadas entre Bolsonaro e Moro, que indicariam a intenção do ex-presidente de obter informações privilegiadas sobre investigações que envolviam ele próprio, familiares e aliados. Em uma delas, Bolsonaro teria escrito: “Moro, o Valeixo sai essa semana. Isto está decidido. Você pode dizer apenas a forma: a pedido ou ex ofício.”
Além disso, Bolsonaro compartilhou uma reportagem do site O Antagonista intitulada “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas” e comentou: “Mais um motivo para a troca”. Durante depoimento à Polícia Federal, Sérgio Moro relatou que o ex-presidente reclamava da falta de acesso a relatórios de inteligência e pressionava pela substituição do diretor-geral Maurício Valeixo. Bolsonaro também teria solicitado alterações nas superintendências da corporação no Rio de Janeiro e em Pernambuco.
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