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Surto de oropouche faz Ceará ultrapassar total de casos de 2024

O número de diagnósticos de febre oropouche no Ceará cresceu em 2025, ultrapassando em mais de duas vezes o total registrado no ano anterior. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), até 23 de maio foram confirmados 614 casos da doença. Em 2024, o estado havia somado 255 notificações ao longo de todo o ano.

A maior parte das infecções ocorreu em moradores do próprio Ceará, com 602 casos. Há ainda cinco casos com provável origem em outros estados e outros sete aguardando a definição do local de contágio.

A concentração dos registros fica na região de Baturité, considerada o epicentro do surto atual. O município lidera o ranking com 437 casos, seguido por Aratuba (116), Mulungu (15), Capistrano (14), Guaramiranga (12) e Pacoti (7).

O cenário local reflete a tendência nacional de crescimento da febre oropouche, que já ultrapassou 10 mil casos em 2025 e resultou em quatro mortes confirmadas até o momento: três no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo. Há ainda uma morte sob investigação em São Paulo.

Surto de oropouche faz Ceará ultrapassar total de casos de 2024
Foto: Reprodução/Poder 360

O avanço da doença este ano representa um aumento de 56,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Até 10 de maio, o país havia contabilizado 10.072 casos, número que contrasta com os 6.440 registros no mesmo intervalo de 2024. O total de 2024 fechou em cerca de 14 mil notificações, enquanto em 2023 haviam sido apenas 833. O Espírito Santo lidera o número de diagnósticos em 2025, com 6.118 casos, seguido pelo Rio de Janeiro (1.900) e Paraíba (640).

Entre os fatores apontados para o crescimento da doença está a circulação de uma nova linhagem do vírus, identificada por pesquisadores da Fiocruz e publicada na revista científica Nature Medicine. A variante OROV BR-2015-2024 teria surgido na região amazônica entre 2010 e 2014, a partir de um rearranjo genético envolvendo cepas brasileiras e de países, como Peru, Colômbia e Equador. Essa mutação permite ao vírus escapar mais facilmente da resposta imune e se replicar com maior velocidade em células humanas.

Outro ponto que influencia o aumento nas estatísticas é o avanço nos métodos de diagnóstico. Desde 2023, os Laboratórios Centrais (Lacen) passaram a testar amostras negativas para dengue também para febre oropouche, permitindo detectar casos antes não registrados. O Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) ainda citam fatores ambientais, como desmatamento, mudanças climáticas e urbanização desordenada, como impulsionadores da disseminação da doença nas Américas.

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