Quatro pessoas foram presas neste domingo (03/08), durante a aplicação do concurso público da Polícia Civil do Ceará para o cargo de Oficial de Investigador de Polícia, após suspeita de envolvimento em um esquema para fraudar a seleção. Entre os detidos estão um médico, uma enfermeira, um advogado e um trabalhador autônomo.
As ações ocorreram em diferentes locais de prova, todos em Fortaleza, e foram resultado de uma operação conjunta entre as equipes de fiscalização e a Polícia Civil. As autoridades apreenderam celulares, chips de telefonia e dispositivos eletrônicos que teriam sido utilizados pelos candidatos para receber informações externas durante o exame.
Os quatro envolvidos foram identificados como Robson Leite Sampaio (médico), Raphaely Leandro da Fonseca (enfermeira), Cícero Leandro dos Santos Belém (advogado) e Jayme de Mendonça e Silva Neto (autônomo). Três deles são moradores de Juazeiro do Norte e, segundo a investigação, já mantinham contato antes da prova.
Eles foram conduzidos à Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) e responderão, inicialmente, por associação criminosa. O material apreendido está sendo analisado para apurar o alcance do esquema.

Abordagens
As apurações começaram quando o setor de inteligência da polícia recebeu uma denúncia envolvendo um dos candidatos. Jayme de Mendonça realizava a prova na Universidade Estadual do Ceará (Uece), no bairro Itaperi. A fiscalização foi até a sala onde ele estava e percebeu que o saco destinado ao armazenamento dos pertences estava violado.
Durante a revista, foram localizados dois celulares em posse do candidato, com aplicativos de mensagens abertos. Os dispositivos foram apreendidos e Jayme permaneceu em silêncio durante o depoimento.
Em outro ponto de aplicação, no anexo do Instituto Federal do Ceará (IFCE), a candidata Raphaely Leandro também foi retirada da sala de prova após suspeita de comportamento irregular. Na revista pessoal, conduzida por fiscais femininas, foi encontrado um pequeno transmissor escondido entre batatas dentro de uma sacola.
Já na delegacia, com auxílio de uma lanterna, os agentes visualizaram um ponto eletrônico no ouvido esquerdo da candidata. O equipamento foi retirado com apoio da Perícia Forense. A enfermeira optou por não responder às perguntas da polícia.
O terceiro flagrante ocorreu na Universidade Federal do Ceará (UFC), onde o advogado Cícero Belém realizava a prova. Fiscais relataram ter escutado ruídos incomuns próximos a ele. Após encerrar a prova, foi localizado um chip quebrado ao lado de sua carteira. Além disso, o candidato foi flagrado tentando descartar um papel com uma anotação de chave Pix.
Cícero admitiu que sua intenção era enviar imagens das questões para uma pessoa que lhe enviaria as respostas. Durante o tempo em que esteve sob custódia, seu celular recebeu ligações de dois números desconhecidos. Ele negou conhecer os outros suspeitos e não soube explicar a origem da chave Pix.
O nome do médico Robson Leite surgiu no decorrer das diligências. Ele foi encontrado dentro de uma caminhonete estacionada próximo aos locais de prova, acompanhado por um colega de profissão e a esposa deste. Os dois não são relacionados à investigação.
Apesar de afirmar que não participava do esquema, Robson admitiu conhecer alguns dos envolvidos. A polícia verificou conexões diretas entre ele, a sua esposa Raphaely e Jayme, inclusive por meio de redes sociais. A chave Pix anotada pelo advogado Cícero estava vinculada ao CPF do médico, que também foi identificado como responsável por uma das ligações recebidas pelo colega de prova após a detenção.
A Polícia Civil solicitou a quebra do sigilo dos aparelhos eletrônicos dos suspeitos. O objetivo é aprofundar as investigações.
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