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Tarifas dos EUA ameaçam exportações do Ceará e mercado de trabalho regional

Após o anúncio do governo dos Estados Unidos acerca da aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, o Porto do Pecém registrou a retenção temporária de aproximadamente 20 contêineres. Isso aconteceu mesmo antes da efetivação oficial das medidas, que está prevista para 1º de agosto.

Embora a China seja o principal parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos se destacam como o mercado prioritário para as exportações cearenses. Entre os principais produtos estão o aço, pescados, sucos, castanha de caju e pás eólicas. Dados indicam que, em 2024, cerca de 44,9% das exportações do Ceará tiveram os EUA como destino, proporção que subiu para 51% no primeiro semestre de 2025.

Segundo especialistas, a imposição das tarifas eleva o custo dos produtos brasileiros no mercado americano, reduzindo sua competitividade e levando potenciais compradores a optarem por fornecedores alternativos. Essa dinâmica pode comprometer as vendas cearenses e acarretar impactos negativos sobre o mercado de trabalho regional.

Tarifas dos EUA ameaçam exportações do Ceará e mercado de trabalho regional
Foto: Ascom ZPE

O segmento siderúrgico, responsável por mais de 75% das exportações do Ceará para os Estados Unidos, concentra aproximadamente 35 mil empregos formais. Estimativas indicam que a imposição das tarifas poderá provocar retração de, ao menos, 10% na produção do setor, com consequentes riscos para os postos de trabalho.

Proporcionalmente, o Ceará é o estado brasileiro que mais depende dos Estados Unidos para suas exportações, destinando a esse mercado 44,9% dos seus produtos em 2024. Em contraste, o Espírito Santo, que ocupa o segundo lugar, exportou 28,6% de sua produção para os EUA no mesmo ano.

Nesse contexto, o governo do Ceará vem mantendo diálogo permanente com representantes empresariais, buscando estratégias para diminuir os efeitos econômicos decorrentes das tarifas. Apesar da alta dependência do mercado americano, o estado ocupa a 12ª posição no ranking nacional de volume exportado para os Estados Unidos.

“Seguiremos trabalhando juntos, Governo e setor privado, dialogando sobre medidas para proteger a nossa cadeia produtiva, manter a competitividade das empresas do Ceará no mercado internacional e garantir os empregos gerados para os cearenses”, diz um trecho da nota emitida pelo Governo do Estado.

Setores

Outros setores de destaque, como pescados e agropecuária, também manifestam preocupação. O pescado, que teve quase toda a sua produção exportada para os EUA em 2024, envolve diretamente mais de 20 mil trabalhadores, além de milhares de empregos indiretos. Já a agropecuária cearense depende do mercado americano para produtos como castanha, água de coco e cera de carnaúba, essenciais para a cadeia produtiva local.

O Ceará também é o maior produtor nacional de calçados e o segundo maior empregador no setor, com cerca de 69 mil trabalhadores diretos. Em 2024, o estado foi responsável pela produção de 24,3% dos 929 milhões de pares fabricados no país.

Tarifas dos EUA ameaçam exportações do Ceará e mercado de trabalho regional
Foto: Divulgação/Fiec

Embora a maior parte seja destinada ao mercado interno, o Ceará ocupa a segunda posição entre os maiores exportadores brasileiros de calçados. Esse produto figura como o quarto mais exportado para os Estados Unidos.

Em resposta à situação, encontros entre o governo estadual, federações industriais e representantes dos setores produtivos têm sido realizados para identificar soluções viáveis. Simultaneamente, esforços diplomáticos são conduzidos com o intuito de negociar a flexibilização ou revogação das tarifas impostas.

“Precisamos expor aqui a situação e encontrar soluções para mitigar os efeitos das tarifas que os EUA querem impor na importação dos produtos brasileiros. Entendo que cada setor vai sofrer de uma forma diferente e, por isso, precisamos de soluções diferentes”, comentou Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

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