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Tartarugas Ninja: Caos Mutante é o grande retorno da franquia (Crítica)

Escrito e produzido por Seth Rogen (Superbad), As Tartarugas Ninja: Caos Mutante é o grande retorno de uma das franquias mais amadas da década de 1990. Sendo isso feito da maneira correta e buscando atingir o seu grande público alvo, o infantil.

Diferente dos seus dois filmes live-action, o projeto dirigido pela dupla Jeff Rowe (A Família Mitchell) e Kyler Spears (Amphibia) não tenta se sustentar pela nostalgia e pelo saudosismo. Na verdade, o filme busca atingir uma nova geração, e para isso faz algo que nenhum outro produto das Tartarugas Ninja fez antes, que é tratar seus personagens como verdadeiros adolescentes.

Apesar do público saber que Leonardo, Rafael, Donatello e Michelangelo são adolescentes, nós nunca vimos verdadeiramente os mesmos agindo como tal, uma vez que eles, normalmente, pareciam ser mais jovens adultos. Porém, aqui vemos eles sendo verdadeiros garotos na puberdade, com falhas na voz, tomando atitudes duvidosas e tendo sua primeira paixão.

Essa escolha reflete na origem dos personagens principais, que ao contrário dos quadrinhos, onde possui um grande background com o Clã do Pé, simplifica os motivos das tartarugas serem ninjas. Fora o fato de combinar bem com o tom do filme, que claramente tem o objetivo de ser mais leve e cômico.

Além disso, essa maneira de tratar os protagonistas combina muito bem com a história. Acompanhamos os quatro irmãos querendo se mostrar para a sociedade, invés de se esconderem no esgoto para sempre. Ou seja, são apenas jovens querendo viver as suas vidas, enquanto o seu pai, Mestre Splinter, não quer os deixar partir, uma vez que o mundo dos humanos provavelmente não irá aceitá-los, devido às suas diferenças.

Esse temor de Splinter é um bom contraponto ao vilão da narrativa, o Super Mosca, que também sabe que a humanidade não irá aceitar conviver com ele e seus irmãos por serem mutantes. Porém, diferente do rato, o antagonista busca tornar todos os animais do mundo em mutantes e deixar a humanidade subjugada.

Apesar de não ser um bom plano, visto que transformar todos os animais do planeta trariam grandes impactos para a economia e estilo de vida mundial, no final das contas ele cumpre o seu papel na narrativa. Ao derrotar o Super Mosca, os quatro irmãos mostram para humanidade que, mesmo sendo diferentes, eles podem contribuir na sociedade e que merecem ser respeitados como qualquer um. Além disso, mostra para Splinter que não podia prender seus filhos para sempre, e que há pessoas que iriam lhe respeitar e ajudar.

Mesmo tendo um bom clímax, a sua resolução é mal desenvolvida, visto que a arma que ajuda os protagonistas a derrotar o Super Mosca é tirada do nada, fora que em nenhum momento do filme ela é apresentada como algo capaz de fazer os personagens deixarem de ser mutantes e voltarem a ser animais normais. 

Contudo, o grande destaque técnico aqui, além da ótima dublagem e trilha sonora, é sua animação. Ainda que seja inspirado no estilo de Homem-Aranha no Aranhaverso, a direção de arte deste projeto possui um acabamento que dá uma identidade mais artesanal. Muitos detalhes em tela são destacados como se fossem desenhos feitos com giz de cera, combinando bem com a personalidade dos personagens, como se fosse algo semelhante à arte de rua, rap e grafite.

Por fim, As Tartarugas Ninjas: Caos Mutante é um filme bem executado para sua finalidade, apresentar estes personagens para uma nova geração, mas fazendo com que os fãs antigos se divirtam da mesma maneira. Além de no final das contas ser uma história sobre pessoas marginalizadas, que apenas querem respeito e uma vida normal. Mesmo com um final quase deus ex machina, o projeto é finalizado com um bom saldo positivo e mostrando grande potencial para possíveis continuações.  

Nota: 8/10

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