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Teste brasileiro detecta Alzheimer com mais de 90% de precisão

Foto: Reprodução

Cientistas brasileiros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em colaboração com instituições internacionais, alcançaram avanços significativos na detecção precoce do Alzheimer por meio de um teste que identifica a doença através de um exame de sangue. Atualmente em fase de validação no Brasil, o método demonstrou capacidade de reconhecer alterações cerebrais associadas ao Alzheimer com precisão superior a 90%. Os resultados promissores foram divulgados na revista científica Molecular Psychiatry e representam um passo essencial rumo a um diagnóstico mais acessível e eficiente da enfermidade.

O desenvolvimento do exame baseia-se na análise da proteína p-tau217 no plasma sanguíneo, um biomarcador que se destaca pela confiabilidade em distinguir pessoas com Alzheimer daquelas sem a doença. De acordo com o neurocientista Eduardo Zimmer, líder do estudo no ZimmerLab da UFRGS, o teste atingiu uma acurácia entre 94% e 96%, equiparável ao “padrão ouro” dos exames convencionais, que costumam ser mais invasivos e onerosos, como a análise do líquor e os exames de imagem PET-CT.

A pesquisa, assinada por 23 cientistas, entre eles oito brasileiros, revisou mais de 110 estudos sobre o tema, envolvendo cerca de 30 mil participantes. Além de Zimmer, o trabalho conta com a colaboração de Wagner Brum, doutorando e integrante do grupo de pesquisa na UFRGS. A facilidade de coleta da amostra de sangue oferece ao exame vantagens como simplicidade, menor custo e potencial de ampla aplicação, especialmente nos sistemas públicos de saúde.

Um dos diferenciais do estudo brasileiro foi a inclusão de pacientes com baixa escolaridade, grupo frequentemente pouco representado em pesquisas internacionais, o que reforça a adequação do teste a diferentes realidades sociais do país. Além disso, a possibilidade de detectar o Alzheimer antes do surgimento dos sintomas clínicos pode transformar o curso do tratamento, permitindo intervenções precoces que retardem o avanço da doença.

Especialistas apontam que o exame de sangue poderá, em breve, integrar os protocolos oficiais de diagnóstico, ampliando a capacidade do sistema de saúde de identificar a doença de maneira mais ágil e menos invasiva. Atualmente, o diagnóstico do Alzheimer ainda depende, em grande parte, da avaliação clínica, complementada por exames complexos, nem sempre acessíveis a todos os pacientes.

O pesquisador explicou que, para que o exame seja incorporado ao SUS, primeiro é necessário confirmar se ele alcançará o desempenho exigido. Em seguida, é preciso definir a estratégia e a logística para sua implementação. No entanto, antes dessa etapa, ainda há um percurso de validação, o que impede estimar um prazo para sua disponibilidade.

Os resultados do estudo e a perspectiva de popularização do exame podem abrir caminho para um avanço expressivo no combate ao Alzheimer no Brasil, doença que atinge milhões de pessoas e famílias. O próximo passo da pesquisa envolve a ampliação dos testes em nível nacional, a fim de confirmar a eficácia do método e facilitar sua integração aos serviços médicos de rotina.

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