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UFC desenvolve cimento sustentável que reduz emissões de CO2

Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) criaram uma fórmula para a produção de um cimento mais resistente e sustentável, que tem como destaque a diminuição das emissões de carbono. Denominado cimento geopolimérico, essa alternativa é composta por mais de 90% de resíduos industriais, como a escória de aciaria, derivada da fabricação do aço, e cinzas volantes, resultantes da queima de carvão em usinas termoelétricas.

A nova fórmula foi desenvolvida nos laboratórios do Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil da UFC. A carta patente emitida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) foi emitida em março deste ano.

O professor Lucas Babadopulos, inventor responsável pelo projeto, destaca a abundância de materiais residuais no Ceará, devido à presença de indústrias siderúrgicas e termoelétricas na região. “Combinados em proporções inteligentemente escolhidas, e reagidos em meio fortemente alcalino, forma-se um poderoso cimento que pode ser produzido dando destinação nobre para o que seriam resíduos industriais acumulados, normalmente em pilhas ou em gigantescas piscinas impermeabilizadas de materiais inservíveis”, explica.

A indústria de cimento é amplamente reconhecida como uma das maiores responsáveis pelas emissões globais de gases de efeito estufa, contribuindo com cerca de 5% dessas emissões. Nesse cenário, o cimento geopolimérico se apresenta como uma alternativa viável ao cimento Portland, amplamente utilizado em construções, com a vantagem de reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) em até 75%.

UFC desenvolve cimento sustentável que reduz emissões de CO2
Foto: Guilherme Silva / UFC

O nome geopolimérico se refere à sua capacidade de formar cadeias de alumínio e silício em meio alcalino, criando uma pasta que, ao endurecer, oferece alta resistência mecânica e boa estabilidade térmica. Essa mistura pode ser adaptada de acordo com os materiais disponíveis e a aplicação necessária, tornando o cimento versátil e eficiente.

Apesar do vasto potencial, a produção de cimentos geopoliméricos ainda enfrenta desafios técnicos, especialmente no que se refere à dosagem dos materiais. A pesquisa da UFC se destaca justamente por apresentar uma metodologia inovadora para a formulação e dosagem adequada, contribuindo para a consolidação dessa tecnologia no Brasil.

Além dos benefícios ambientais, o cimento geopolimérico apresenta um potencial econômico promissor. Segundo Babadopulos, o baixo custo dos resíduos industriais utilizados pode tornar o material competitivo no futuro, especialmente em regiões onde esses materiais estão prontamente disponíveis.

A patente, fruto de uma dissertação de mestrado defendida em 2023 pelo aluno Lucas Benício de Araújo, é a segunda patente do Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil da UFC e a 52ª da universidade como um todo.

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