A renúncia de Robinson de Castro e a saída do meia Vina, acertado com o Grêmio, representam um novo momento para o Ceará que a partir de agora continua focado na formação do elenco e nas competições que vêm pela frente
Dois fatos na agitada semana do Ceará podem ser considerados, de fato, página virada do ano de 2022. O primeiro: a saída de Vina para o Grêmio. O segundo: a renúncia de Robinson de Castro da Presidência.
A partir de agora, o Ceará vai focar, ou deve fazer isso, na temporada de 2023. Jogadores e comissão técnica sabem como deve ficar a gestão interna do clube. Certamente deve ser uma tranquilidade a mais para o trabalho no dia-a-dia. Ao que parece, não houve, e pelo menos por enquanto não deve haver alterações no comando do departamento de futebol e o planejamento traçado no início do ano está tendo sequência.
Mas vamos tratar os dois fatos separadamente.
A saída de Vina
Foi uma novela chata e desnecessária. Pode-se dizer que o meia ganhou projeção nacional graças ao Ceará. Em 2020 foi o grande destaque da Série A, escolhido para a Seleção do Brasileiro daquele ano, ele se destacou no título da Copa do Nordeste daquele ano e em grandes atuações que o Ceará teve em campo.
Em 2021, o meia não teve o mesmo destaque do ano anterior, mas foi fundamental em partidas importantes que o Ceará disputou. Carregou o time nas costas em alguns momentos, com importantes resultados como o segundo ano consecutivo de classificação para a Copa Sul-Americana, embora o Ceará tenha tido a chance real de chegar à Libertadores, mas tenha perdido em momentos fundamentais.
Chega 2022 e uma sequência de erros acontece, o fim da história quem está lendo esta coluna sabe: eliminações do Ceará nas competições que disputou. Contando com a vexatória eliminação para o Iguatu no campeonato cearense com pênalti perdido, pelo próprio Vina e o apelido de “Pipoqueiro” vindo dos adversários e da própria torcida.
Vina fez um encontro para se despedir dos colegas de elenco e declarou, nas redes sociais o seu amor ao Ceará. Vai para o Grêmio e no clube gaúcho vai receber uma cobrança bem maior por resultados que teve aqui. Não chega como ídolo da torcida, que também é bastante exigente e conhece o perfil do atleta.
Para se tornar ídolo do Grêmio, Vina vai precisar colocar em campo mais que o futebol que o projetou em 2020.
A renúncia de Robinson de Castro
Em que pese a temporada desastrosa de 2022, o resultado final foi fruto de decisões erradas que começaram desde o final de 2021.
Contratações de jogadores que não renderam em campo. A surpresa da saída de Dorival Júnior para o Flamengo e a não reposição do técnico, no mesmo nível de Dorival Júnior. Os maus resultados se sucediam e o Ceará não conseguiu alcançar nenhum dos objetivos traçados ao longo da temporada.
Além disso, festas de jogadores após derrotas, desgaste com a torcida e a diretoria não dava uma resposta. O rebaixamento se consolidou, mas antes disso, a crise política foi provocada por uma alteração no Estatuto do Ceará que permitiu ao então presidente disputar o terceiro mandato.
A oposição questionou, sem sucesso, a disputa pelo terceiro mandato. Guerra de liminares, idas e vindas, mas Robinson de Castro não se sustentou no cargo quando foi confirmado o rebaixamento.
A Justiça autoriza a eleição do Conselho Deliberativo. A pressão aumenta e a renúncia agora se confirma.
Na política interna do Ceará, oposição e situação chegam a um acordo, os dois candidatos a presidente do Conselho Deliberativo são retirados e o nome de consenso é o do ex-juiz José Barreto de Carvalho Filho que vai conduzir a eleição da Diretoria Executiva do Ceará. O novo Conselho Deliberativo Alvinegro tem mandato até 2026.
Enquanto isso, o agora presidente do Ceará, Carlos Morais, segundo vice-presidente da gestão Robinson de Castro tem o desafio de acalmar os ânimos da torcida e de dar a tranquilidade para a Comissão Técnica e o elenco seguirem o trabalho.
Antes das saídas e depois
O Ceará teve uma importante classificação direto para as semifinais do Campeonato Cearense de forma invicta. Vencendo o Fortaleza e fazendo a melhor campanha da primeira fase, em que pese alguns percalços, como o empate com o Ferroviário e a sofrida vitória, de virada frente o Maracanã.
Na Copa do Nordeste, uma vitória e uma derrota. A competição regional ainda vai para a terceira rodada e o Ceará pega o Sport no final de semana. Mas a sequência de resultados, as duas vitórias consecutivas contra Sampaio Correa e Fortaleza, ainda que em competições diferentes deixou a torcida mais aliviada e mostrou um certo padrão de jogo no Ceará de Gustavo Morínigo.
Mesmo com uma situação tensa fora de campo, o Ceará conseguiu resultados importantes diante de adversários qualificados. O desafio do Ceará é, principalmente na Copa do Nordeste, dar resultado, começando na próxima terça-feira (14), com uma vitória diante do Sport, em casa e um bom resultado frente o CRB, na sequência.
O Ceará conquistar uma sequência de bons resultados em 2023, tendo como resultado final o acesso à Série A, vai garantir, de fato, que Robinson de Castro é uma página virada no Ceará.