Um total de 24 idosos permanecem em unidades de saúde da Capital cearense, mesmo tendo recebido alta médica. São pessoas que estão com vínculos familiares rompidos ou fragilizados e sem lugar para ir. São pacientes de 60 a 89 anos que vivem nos leitos há períodos variados, desde poucos meses a quase dois anos.
Cinco dos 24 idosos estão no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), dois no Hospital Estadual Leonardo da Vinci (HELV), dois no Hospital de Saúde Mental de Messejana (HSMM), dois no Hospital Nossa Senhora da Conceição e 13 na Casa de Cuidados do Ceará. E tem três pacientes situados no HGWA que são descritos no documento da requisição como pessoas em situação de rua. Desde abril de 2023, existe no Hospital Geral, uma idosa de 70 anos que foi abandonada pela família.
A Prefeitura Municipal de Fortaleza deve acolher os idosos em locais adequados. É que o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), fez essa solicitação, por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Idoso e da Pessoa com Deficiência de Fortaleza.
A Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) de Fortaleza anunciou que já iniciou o processo de identificação e orçamento de vagas em instituições privadas de longa permanência para o acolhimento institucional dos idosos.
Foi realizada no último dia 22 de outubro, uma audiência com o coordenador da Pessoa Idosa da SDHDS, Dimitre Rabelo, e com o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI), Dante Jorge. Rabelo disse que a solução de contratação direta de vagas em instituições privadas deve passar por consulta perante a Procuradoria Geral do Município (PGM). Também está marcada outra audiência para o próximo dia 11 de novembro.
“Nesses casos, as profissionais do Serviço Social fazem a orientação social, com formalização de encaminhamentos à rede de saúde e socioassistencial por meio da escuta qualificada e da percepção das demandas sociais apresentadas de acordo com o perfil e história de cada paciente”, segundo a Casa de Cuidados do Estado do Ceará.
O promotor Alexandre Alcântara comentou sobre a impossibilidade da “alta social” para os idosos que fere direitos fundamentais, como o direito à saúde, já que a longa permanência em ambiente hospitalar pode deixar os pacientes expostos à infecções. “Temos uma demanda antiga que é a postulação de instituições de longa permanência públicas, exatamente para esse público idoso vulnerável. Se não tem instituição pública, que o poder público compre as vagas em locais privados”, afirma Alexandre. O promotor complementou ainda que os leitos ocupados prejudicam o restante da população. “Essa pessoa é extremamente prejudicada e a pessoa que está precisando do hospital também, porque a vaga está ocupada. Perde a sociedade como um todo”, explicou Alexandre Alcântara, que defende também, o fortalecimento de políticas públicas que auxiliem as famílias a cuidarem de idosos. “Muitas vezes a família abandona o idoso no hospital porque não tem como cuidar, às vezes tem uma impossibilidade mesmo. Temos que ter uma expansão das políticas de cuidados domiciliares para pessoas acamadas, vulneráveis, para dar suporte às famílias”, revelou o promotor.
A Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) de Fortaleza anunciou ainda, por meio de nota, que foi finalizada a licitação para contratar empresa que fará a construção de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) em Fortaleza. O equipamento será sediado no bairro Messejana. A pasta também afirmou: “A ILPI terá capacidade de abrigamento de 100 idosos em três níveis de assistência: grau I (idosos independentes); grau II (idosos com dependência em até três atividades de autocuidado) e grau III (idosos com dependência em todas as atividades de autocuidado e ou comprometimento cognitivo)”.
> Obs: A imagem da capa é de autoria do Portal Várzea Alegre Agora.