O número de empresas industriais que utilizam tecnologias de inteligência artificial (IA) mais que dobrou nos últimos dois anos, registrando um crescimento de 163%. O total passou de 1.619 em 2022 para 4.261 em 2024. Os dados são da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec), divulgada nesta quarta-feira (24/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento considerou uma amostra de 1.731 empresas, em meio a 10.167 companhias com 100 ou mais empregados. O estudo foi financiado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e contou com apoio técnico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo o gerente de pesquisas temáticas do IBGE, Flávio José Marques Peixoto, o avanço da IA está associado à difusão de IAs generativas, como softwares capazes de criar textos e imagens. Além disso, têm destaque outras aplicações de IA que se consolidaram no setor industrial, incluindo mineração de dados, reconhecimento de fala, análise de imagens, geração de linguagem natural e automação de processos.
“Uma que é particularmente interessante na indústria é a manutenção preditiva, uso de IA dentro do sistema de produção, na movimentação física de máquinas, tomada de decisões, meio que de forma autônoma”, comentou.
Perfil
O estudo do IBGE também indica que o uso de IA cresce proporcionalmente ao tamanho da empresa. Entre as companhias com 500 ou mais empregados, 57,5% adotam a tecnologia, contra 42,5% nas empresas com 250 a 499 funcionários e 36,1% naquelas com 100 a 249 colaboradores. Internamente, as áreas administrativa (87,9%) e comercial (75,2%) são as que mais aplicam IA.
Entre os setores industriais, os maiores índices de uso estão em equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (72,3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (59,3%) e produtos químicos (58%). Por outro lado, os ramos de fumo (22,9%), couro (20,7%) e manutenção, reparação e instalação de equipamentos (19,2%) apresentam menor adesão.
Benefícios e Desafios
O uso dessas tecnologias trouxe aumento da eficiência operacional (90,3%), maior flexibilidade (89,5%) e melhoria no relacionamento com clientes e fornecedores (86,6%). A adesão é principalmente estratégica, com influência de fornecedores, clientes e concorrentes.
Entre os desafios, têm destaque os altos custos e falta de pessoal qualificado. O teletrabalho, por sua vez, recuou de 47,8% em 2022 para 43% em 2024, predominando em áreas administrativa e comercial. Por outro lado, áreas como produção e logística possuem o teletrabalho menos frequente.
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