O relatório “Elas Vivem: um caminho de luta”, em sua quinta edição, revela o crescimento da violência de gênero no Brasil. Esse aumento se deu mesmo com a inclusão do Amazonas na Rede de Observatórios, que já monitorava estados como Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 2024, foram registrados 4.181 casos de violência contra mulheres, um crescimento de 12,4% em relação ao ano anterior. Em outras palavras, a cada 24 horas, 11 mulheres foram vítimas de violência. Em se tratando apenas de feminicídio, o Brasil registrou 531 casos em 2024.
Do total de feminicídios, 75,3% foram cometidos por familiares da vítima, sendo que 70% dos autores eram cônjuges, ex-cônjuges, namorados ou ex-namorados. Outro dado mostra o crescimento de 70,5% nos crimes de violência sexual e estupro, além do aumento de 22,1% nos homicídios e 3,1% nas tentativas de feminicídio e agressões físicas.
Onde a violência mais cresceu?
Entre os nove estados monitorados pela Rede de Observatórios, sete registraram aumento nos casos de violência de gênero. No Ceará, por exemplo, os casos saltaram de 171 em 2023 para 207 em 2024. No mesmo período, os estados da Rede (exceto o Amazonas) totalizaram 3.577 registros de violência contra mulheres, um aumento de 12,4% quando comparado ao ano anterior. Os números incluem várias formas de agressão, como cárcere privado, tortura, homicídio, sequestro, tentativa de feminicídio e transfeminicídio.
São Paulo segue liderando os números absolutos, com 1.177 eventos de violência contra mulheres, seguido pelo Rio de Janeiro, que registrou 633 casos. Os estados que tiveram os aumentos mais expressivos foram Maranhão (87,2%) e Pará (73,2%), seguidos pelo Ceará, que apresentou um crescimento de 21,1%, o maior dos últimos sete anos.
Apesar de uma leve redução, a Bahia ainda enfrenta desafios, assim como Pernambuco. O estado apresentou o maior número de transfeminicídios entre os estados monitorados, com seis dos 12 casos registrados no país.
Ceará
Entre 2023 e 2024, os casos de violência de gênero cresceram 21,1%, afetando mulheres de todas as classes sociais, idades e etnias. No entanto, mulheres negras, transexuais, garotas de programa e meninas estão entre as mais vulneráveis.
No último ano, 21 das 45 vítimas de feminicídio tinha entre 18 e 39 anos. Do total do percentual de violência, 51,9% dos casos não tiveram motivação identificada. Em se tratando de homicídio e tentativa, foram 80 casos em 2024. Confira mais números da violência no Ceará abaixo:
Tentativa de feminicídio/agressão física | 43 casos |
Violência sexual/estupro | 29 casos |
Homicídio | 46 casos |
Feminicídio | 45 casos |
Outro(s) | 6 casos |
Agressão verbal | 4 casos |
Tentativa de homicídio | 34 casos |
Cárcere privado | 8 casos |
Dano ao patrimônio | 1 caso |
Sequestro | 10 casos |
Tortura | 3 casos |
Transfeminicídio | 1 caso |
Supressão de documentos | 1 caso |
Desafios
Em meio aos altos números, diversos desafios ainda dificultam a proteção das mulheres. A subnotificação dos casos, a escassez de recursos, a necessidade de qualificação dos profissionais que atuam na área e a falta de atendimento especializado fora das capitais são barreiras que ainda precisam ser superadas.
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