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Wonka consegue expor a magia de seu protagonista (Crítica)

Dirigido por Paul King (As Aventuras de Paddington), Wonka conta a origem de um dos personagens mais icônicos da história do cinema. Através de um musical com canções duvidosas, mas com um ótimo teor mágico e que garante diversão, sendo esse talvez seja o filme certo para se ver em família no final do ano.  

Estrelado por Timothee Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome), começamos essa história acompanhando Willy Wonka ao terminar sua viagem ao redor do mundo para aprender a fazer os melhores chocolates. Chegando ao local onde queria começar o seu império de doces, vemos o primeiro número musical do longa, no qual nos mostra o ânimo do personagem para começar sua aventura.

Apesar de todas as coreografias e as músicas do filme serem competentes, a sua abertura deixa a desejar. Uma vez que Chalamet não parece estar no seu melhor neste momento do projeto, com uma voz pouco aguçada para a desempenho, além dos efeitos visuais, que não foram caprichados, fazendo com que a imersão no número musical seja quebrada.

Chegando a cidade, Wonka é enganado pelos personagens de Olivia Colman (A Favorita) e Tom Davis (Paddington 2), fazendo com que ele deva uma quantia exorbitante para a pousada de ambos e trabalhe no local até pagar tudo. Nisso, o roteiro de King e Simon Farnaby (Ghosts) cria um senso de urgência para a narrativa, uma vez que o protagonista precisa pagá-los para ser livre e abrir sua loja de chocolates, além de ajudar os restantes dos personagens da pousada, que também foram enganados pelos donos. 

Dentre todos os personagens da pousada, a mais importante é aquela vivida por Calah Lane (This Is Us), não só pelo fato da mesma ter começado ajudar Wonka a fugir da pousada, para que pudesse vender seus chocolates, mas também pelo fato da mesma possuir um passado incerto e misterioso, principalmente em torno do Cartel do Chocolate.

O Cartel de Chocolate é a parceria das três únicas lojas de doces da cidade que o filme ocorre, onde é comandado pelos personagens de Paterson Joseph (A Praia), Mathew Baynton (Bill) e Matt Lucas (Alice Através do Espelho). O trio são os antagonistas do projeto, visto que sempre buscam impedir que uma nova loja surja no local, utilizando de meios legais e ilícitos para tal, e o protagonista não é exceção para isso.

 

Mesmo que tudo isso soe muito sério, tudo do filme é em volto de um bom humor, mostrando ser inspirado no primeiro filme da Fantástica Fábrica de Chocolate, de 1971, ao invés da versão propositalmente esquisita de Tim Burton (Batman) e Johnny Depp (Piratas do Caribe). Não é à toa que o filme assume uma expressão e uma comédia que beiram o caricato, e que alguns momentos até chegam lá. Isso tudo casa muito bem com todos os números musicais e, principalmente, nos momentos que Wonka está fazendo os seus chocolates, sendo o encaixe ideal para o teor fantástico que o personagem exala. 

No entanto, mesmo que o filme arranque risadas, Paul King só consegue mostrar toda a parte dramática do projeto de maneira superficial. O passado e a motivação do protagonista em torno de sua desaparecida mãe se mostra interessante, mas é pouco aproveitado, ao ponto de ser esquecido pelo espectador durante a narrativa. Particularmente, isso é algo que pesa negativamente no projeto num todo, não só devido à ideia sendo mal aproveitada, mas também desperdício do talento de Chalamet para esses momentos dramáticos.

Falando nele, o ator de 27 anos faz o seu primeiro papel em musicais, e como disse anteriormente, sua performance começa abaixo do esperado. No entanto, parece que com o decorrer das gravações, Chalamet e King foram encontrando a maneira certa para o protagonista se impor musicalmente, fazendo com que no final sua performance seja competente. Além disso, artista estadunidense tem uma clara inspiração no Willy Wonka de Gene Wilder, visto que o projeto se baseia mais pelo viés da Fantástica Fábrica de Chocolate original, e mesmo que não chegue ao mesmo patamar, Timothee consegue honrar o carisma e trejeitos cartunescos do personagem.

A narrativa não tem muitos adornos, indo pelo caminho básico, mas funcional. O único detalhe que parece desencaixado é participação de Hugh Grant (Um Lugar Chamado Notting Hill) como um Oompa-Loompa, que rouba os chocolates de Wonka em deocrrência do mesmo ter pegado as semestes de cacau de sua terral natal. O ator encaixou bem como personagem, mas ele parece intruso na história, parecendo que não há muito espaço para ele no que estamos acompanhando.

Acredito que a Warner Bros, estúdio responsável pelo filme, tenha grandes esperanças para o filme concorrer ao Oscar em 2024, principalmente em categorias técnicas. Apesar do bom trabalho de coreografia, figurino e design de produção, o projeto não acerta em cheio no que mais se esperava, que são as músicas. A grande maioria são legais, porém, esquecíveis, fazendo com que você não deseje ouvi-las mais uma vez ao deixar a sala do cinema. 

O terceiro ato é divertido e maluco, algo já esperado por uma história de Willy Wonka. No entanto, tudo é muito previsível, fazendo com que você pouco se surpreenda. Além de tudo isso, o filme ainda encerra utilizando a mãe desaparecida do protagonista, e mesmo que nesse momento tenha uma boa entrega de Chalamet, a construção do filme num todo não foi bem elaborada para que esse ponto fosse certeiro. O roteiro ainda constrói parte do futuro do personagem, que já conhecemos, e em uma cena recheada de efeitos visuais não caprichados, fazendo com que não tenha a magia que se espera para tal personagem.

Por fim, Wonka honra muitos quesitos do seu personagem principal, especialmente em ser uma figura quase mágica, e mesmo que seja incomparável ao original, é possível ver uma inspiração, onde é bem utilizada e não tenta ser uma cópia. Apesar de ser básico em muitos momentos, o projeto é certeiro em ser divertido e ser uma história para a família assistir junta. Contudo, estamos falando de um musical, e mesmo com boas coreografias, as músicas deixam a desejar, sendo basicamente esquecíveis, fora todo o visual do longa, no qual usou de maneira excessiva muitos efeitos visuais em computação gráfica, ao invés de maneira prática, que acredito que encaixaria melhor no teor fantástico do projeto. 

Nota: 7/10

Também leia nossa crítica de Napoelão, Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes e Mussum: O Filmis.

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