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Barragens em situação de alto risco no Ceará não são divulgadas pela SRH

Nesta semana a Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) lançou o Relatório Estadual de Segurança de Barragens. O documento retrata a situação de cada reservatório com dados obtidos através de fiscalização, cadastro, classificação e plano de segurança.

Diante dos critérios estabelecidos no Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB) quanto à completude das informações, as barragens cadastradas apresentam 64% em situação ótima, 7% em boa e 29% em média. O principal desafio encontrado foi a documentação de identificação e, além disso, a falta de conhecimento acerca da importância do cadastro na gestão de segurança de barragens.

Barragens em situação de alto risco no Ceará não são divulgadas pela SRH
Foto: Reprodução

De acordo com o relatório, 5% das barragens cadastradas apresentam Categoria de Risco (CRI) alto. Para que essa constatação seja feita, avalia-se os aspectos da própria barragem que possam influenciar em um possível acidente. Os critérios avaliados são as características técnicas, o estado de conservação e o plano de segurança da barragem.

A maioria das barragens classificadas com o CRI alto apresentam falta de informações. Além desse fator, outros pontos que contribuem para a alta pontuação de risco são as erosões, deformações e problemas na estrutura. Segundo os dados da SRH, 60% das barragens cadastradas apresentam classificação de dano potencial associado alto pela possibilidade de perda de vida humanas em caso ruptura da barragem.

Apesar da divulgação de tais dados, a pasta declarou não informar quais são as barragens em situação de alto risco. A ausência dessas informações, no entanto, levanta um alerta para aqueles que moram perto de regiões que recebem os reservatórios, já que há a possibilidade de rompimento.

Histórico de acidentes

Entre os casos mais conhecidos de rompimento de barragem aqui no Brasil estão os de Mariana e Brumadinho, ambos em Minas Gerais. Os acidentes aconteceram, respectivamente, em 2015 e 2019.

Nas duas ocasiões, as estruturas das barragens estavam comprometidas, o que causou a ruptura dos equipamentos. Ao todo foram mais de 60 milhões de metros cúbicos atingidos por rejeitos e lama, mais de 250 mortos, além dos desaparecidos até os dias atuais. O acidente comprometeu ao menos 17 municípios vizinhos com a contaminação das águas e destruição de florestas.

Foto: André Penner/AP

No Ceará situações semelhantes também já ocorreram. Em fevereiro de 2020, a parede auxiliar do Açude Granjeiro rompeu e a água atingiu residências e comércios. No mesmo ano, houve o rompimento de sete reservatórios em Quiterianópolis e de uma tubulação em Jati, após não suportarem a pressão da água.

Potencial de risco com a quadra chuvosa

Com a proximidade do início da quadra chuvosa, é importante ficar atento às possíveis evoluções dos danos das barragens. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a expectativa é que fortes chuvas devem atingir todo o país até o fim da estação.

“Diante do risco de rompimento de barragens, falta de informações e ações de controle e fiscalização, essa intensificação das chuvas no Brasil, causadas pelas mudanças climáticas, podem ainda nesse verão 2022/2023 gerar novas tragédias, se medidas emergenciais não forem adotadas pelos governos do estado e o governo federal”, explica o órgão.

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