Caso a Coreia do Norte tenha realmente conseguido produzir uma bomba de hidrogênio — impulsionada por fusão nuclear –, o potencial destrutivo do arsenal atômico do país pode se multiplicar por dez ou por cem. O país anunciou nesta quarta-feira (6) ter feito um teste bem-sucedido com uma miniatura de bomba de hidrogênio.
A destruição que detonação de uma bomba semelhante causaria em uma área habitada, por isso, ainda é objeto de especulação — e alimento para pesadelos. Os três testes nucleares norte-coreanos conduzidos entre 2006 e 2013 foram de bombas atômicas de primeira geração, por fissão nuclear, menos complexas de produzir. Enquanto a bomba de fissão funciona por meio da fragmentação de átomos grandes, como urânio e plutônio, a bomba por fusão deriva sua energia do processo de junção de isótopos de hidrogênio, átomos menores e fáceis de obter, e muito mais fortes.
A bomba de hidrogênio (a bomba H, ou bomba termonuclear), porém, requer muito mais energia para ser detonada, e precisa ser usada em combinação com um explosivo por fissão nuclear. Produzi-la requer uma engenharia mais sofisticada.
O mais poderoso teste realizado pela Coreia do Norte até agora foi uma explosão subterrânea com energia estimada em 7 quilotoneladas, metade do poder destrutivo da bomba lançada pelos EUA sobre Hiroshima em 1945. (Uma quilotonelada equivale a uma explosão de mil toneladas de TNT.) A força da explosão norte-coreana de 2013 foi estimada pelo Serviço Geológico dos EUA, que mediu o impacto sismológico gerado pela operação.
Uma bomba-h das mais “fracas”, porém, já possui força de centenas de quilotoneladas — uma ordem de grandeza maior do que um explosivo típico de fissão nuclear.
Entretanto, como aumentar a quantidade de “combustível” da bomba termonuclear é mais fácil do que para a bomba de fissão, não é difícil que um país multiplique seu potencial nuclear aceleradamente a partir do momento em que desenvolve sua primeira bomba-H.
A primeira bomba H detonada pelos EUA, num teste no Pacífico em 1952, tinha cerca de 10.500 quilotoneladas. A maior explosão da história, num teste russo em 1961, foi superior a 50.000 quilotoneladas. Armas termonucleares nunca foram efetivamente usadas em guerras, porém.
É difícil saber, de qualquer forma, se a explosão subterrânea produzida agora pela Coreia do Norte em 6 de janeiro foi mesmo uma bomba de hidrogênio, como alega o país. A agência sul-coreana de inteligência diz que esta ainda seria uma bomba de fissão.
Segundo o país vizinho, os norte-coreanos já estavam buscando uma maneira de “turbinar” sua bomba de fissão, adicionando trítio (uma forma radioativa de hidrogênio) na mistura do combustível nuclear. Isso aumenta um pouco o potencial destrutivo da arma nuclear mais convencional, mas não a transforma numa bomba H. Pode ser que o teste nuclear norte-coreano mais recente tenha usado uma dessas bombas de fissão turbinadas.
G1