Pouco mais de um mês depois de se licenciar, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, vai reassumir o cargo hoje, mas dificilmente permanecerá no posto até o final da semana.
Acusado pela Justiça dos EUA de integrar esquema de propina no futebol, Del Nero trabalha com a possibilidade de nomear nos próximos dias o paraense Antonio Carlos Nunes, 77, conhecido como Coronel Nunes, para sua vaga até o fim do semestre.
Na tarde de ontem, o deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), vice que ocupava interinamente a presidência, deixou o cargo. Em um vídeo publicado no site da CBF, Vicente afirmou que cumpriu a sua missão e que cuidará do seu mandato. Ele tomou posse no dia 3 de dezembro convencido por Del Nero, que decidira se afastar da CBF para se defender das denúncias nos EUA e das investigações da CPI do Futebol, no Senado.
Apesar do discurso, Vicente deixou o cargo antes do previsto. A licença de Del Nero era de 150 dias. O parlamentar havia pedido uma licença de pelo menos dois meses do seu cargo em Brasília. “Eu cumpri a minha missão como interino na CBF. Estava combinado com o presidente licenciado Marco Polo Del Nero que eu ficaria até hoje, dia 5 de janeiro. Vou cuidar agora do meu mandato de deputado federal”, disse no vídeo.
No dia 13 de dezembro, Vicente publicou artigo na seção “Tendências/Debates” da Folha de S.Paulo no qual elencou planos para uma gestão duradoura – entre outras coisas, dizia que iria modernizar a CBF baseado em quatro eixos, todos de longo prazo, como capacitação de treinadores, dirigentes e árbitros, criação de campeonatos de base e internacionalização “de fato” do futebol brasileiro.
Vicente entrou em conflito com Del Nero nos últimos dias porque não aceitava dividir o poder com o presidente licenciado, que seguia dando ordens na entidade.
Eleito para uma das vice-presidências da CBF no último dia 16 numa eleição chamada de “golpe” pela oposição, Coronel Nunes é o preferido para assumir o poder interinamente.
A eleição de Nunes foi estratégica para Del Nero evitar a posse de seu opositor e presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, 74, em caso de renúncia do presidente. Pelo estatuto da entidade, o vice mais velho assume a entidade após a renúncia.
Nunes foi eleito para o lugar de José Maria Marin, preso na Suíça em maio do ano passado, acusado de corrupção também pela Justiça norte-americana.
Agora, caso Del Nero seja suspenso pela Fifa ou tenha de deixar o cargo por causa da investigação nos EUA, ele terá o aliado à frente da CBF.
Folhapress