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Linguagem neutra: a adaptação é correta na língua portuguesa?

A linguagem neutra vem ganhando cada vez mais visibilidade em estabelecimentos, empresas e no mercado de trabalho. De forma recente, a utilização ganhou notoriedade ao ganhar espaço nos eventos oficiais do governo Lula. Com isso, foi gerada a seguinte repercussão: está correta ou não a adaptação na gramática da língua portuguesa?

Foto: Reprodução

A utilização da linguagem é pautada numa proposta de inclusão social, defendida, sobretudo, entre membros da comunidade LGBTQIA+. Contudo, essa questão divide opiniões entre os especialistas. Parte dos professores e gramáticos da língua portuguesa, que discute essa questão, defende que a variedade masculina dos pronomes e dos artigos já abrange a neutralidade.

Divergências

De acordo com a professora de língua portuguesa, Nenzinha Feitosa, o uso da linguagem neutra está fora do que se exige na forma culta. “A linguagem neutra não é reconhecida gramaticalmente. Por esse motivo, quando ela é usada formalmente, ela não é a mais adequada”, declarou.

Os defensores do uso da linguagem neutra, a exemplo da Mirella Mirla, estudante de jornalismo, acreditam que essa forma de expressão contribui para os seguintes pontos:

  • Não privilegiar um determinado grupo em detrimento de outros;
  • Causar uma reflexão sobre desigualdade de gênero em outras áreas além da língua;
  • Gerar reflexão sobre a desigualdade de gênero em outros âmbitos para além da linguagem;
  • Acolher, respeitar e valorizar a diversidade;
  • Lutar contra a intolerância de gênero e o machismo;
  • Identificar e visibilizar todos os gêneros, inclusive os neutros.

“Acho que toda forma de inclusão é bem-vinda. Se alguém se sente confortável usando o pronome neutro, não me custa nada usar e respeitar a diversidade que existe. O preconceito vem muito, também, da falta de conhecimento, é preciso buscar fontes e ouvir as pessoas para realmente aprender”, declarou Mirella.

Pontos críticos

Um dos pontos levantados pelo grupo crítico é que as novas grafias tornam a comunicação repetitiva e longa. Dizer “todos e todas”, por exemplo, é redundante, visto que pode-se dizer apenas “todos”. Uma outra problemática toca no grupo de pessoas com deficiência visual que usam programas para leitura. Esse público seria afetado, pois os softwares não fazem a leitura de palavras escritas dessa forma.

Outro ponto que recebe críticas sobre as mudanças são os estabelecimentos que abraçaram a linguagem neutra, mas que não possuem ações inclusivas que englobem clientes portadores de deficiências visual, física, auditiva, dentre outras. O projeto de lei 5198/20, de autoria do deputado federal Junio Amaral (PL-MG), “proíbe instituições de ensino e bancas examinadoras de concursos públicos de utilizarem o gênero neutro para se referir à pessoas que não se identificam com os gêneros masculino e feminino, como a população LGBTQIA+”.

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, vinculada ao Ministério Público Federal, publicou uma nota técnica em fevereiro de 2022, que diz que a “vedação do uso da linguagem inclusiva” incorre em “inconstitucionalidade e inconvencionalidade, por indevida censura prévia”.

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