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Fortaleza: Demora no atendimento do SAMU revolta população

Da primeira chamada à chegada da ambulância, passaram-se duas horas. No chão, um turista, com histórico de problemas cardíacos, aguardava por um atendimento de emergência após desmaiar duas vezes em um restaurante, no Meireles, na semana passada. As pessoas que estavam no local e presenciaram o ocorrido ficaram aflitas e indignados com a falta de estrutura e o atendimento demorado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de Fortaleza. A demora no atendimento, inclusive, é uma reclamação recorrente da população. Quem já precisou do serviço, sempre relata o mesmo problema.

SAMU.NAYANA MELO (1)

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a Capital conta com 19 unidades de Suporte Básico de Vida, para remoção de doentes graves e sem risco de morte iminente; quatro unidades de Suporte Avançado de Vida, para remoção de pacientes com risco de vida iminente; além de quatro motolâncias, que é o meio de locomoção mais rápido para checar a área de atendimento e iniciar os primeiros procedimentos quando necessário. No entanto, o quantitativo parece ser insuficiente para atender os mais de 2,5 milhões de habitantes de Fortaleza.

Revolta
“O senhor desmaiou a primeira vez e então ligamos para o Samu. No início, pensamos que ele tinha caído da cadeira, mas o caso era mais grave. Todo mundo correu para socorrer. Em alguns minutos, ele acordou e voltou a desmaiar. A esposa dele ligou para o cardiologista, em Recife, e o médico indicou que esperasse a ambulância, pois lá teria um eletrocardiograma, onde o resultado sairia na hora”, relatou a empresária Adriana Ferreira. Segundo ela, o turista seguiu a indicação do médico de ir ao hospital apenas na ambulância, pois seria no veículo que ele receberia os primeiros socorros e seria atendido mais rapidamente.

Contudo, não foi o que aconteceu. De acordo com a empresária que presenciou o fato, mais de dez ligações foram feitas. “Nesse meio tempo, passaram dois carros do Samu na rua do restaurante. O pessoal ficou gritando pedindo ajuda, mas as ambulâncias não pararam”, disse, chamando atenção também para as cinco viaturas da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) que passaram multando os carros. “Socorro ninguém tem, mas agente para multar tem de sobra”, criticou.

Apenas uma hora e 50 minutos depois, o Samu chegou ao local para socorrer o paciente, que é cardíaco com três pontes de safena. “O mais absurdo é que na ambulância não tinha nem aparelho de eletrocardiograma e, muito menos, aparelho para verificar a pressão arterial do paciente. Como é que dentro de uma ambulância não tem materiais essenciais para um atendimento?”, questionou a empresária.

Trotes
A demanda do órgão checa em torno de 2.4 mil ligações por dia, das quais mais de 500 geram ocorrências. Dessas ligações, 25% são trotes. A informação é do coordenador do Samu Fortaleza, Cristiano Walter Moraes, que aponta a perda de tempo e de recursos ao atender os chamados falsos. Segundo ele, as ligações indevidas é um dos causadores da demora nos atendimentos. “A população, muitas vezes, liga sem saber qual é a principal função do Samu, que é só urgência e emergência. Só atendemos situações graves de risco de vida, e as vezes o cidadão pede a viatura para fazer apenas o translado do paciente doente. Isso congestiona nosso atendimento e acaba trazendo insatisfação da população que não entende o principal objetivo do Samu”, explicou.

O coordenador ressaltou, ainda, os prejuízos que os trotes causam. “As ligações falsas também sobrecarregam muito o serviço e, quando precisamos fazer um atendimento emergencial, tanto as linhas estão congestionadas quanto as viaturas”. Ele cita também a falta de educação dos motoristas no trânsito. “Tem motorista que não abre passagem devidamente para a ambulância, fora os congestionamentos da cidade e as vias estreitas que dificulta o acesso rápido. Tudo isso acaba prejudicando nosso trabalho”.

Para essas dificuldades, o coordenador do Samu Fortaleza enaltece a importância do trabalho das motolâncias. “Elas existem para chegar mais rápido ao local. Ela é acionada, principalmente, se o paciente tiver no solo, isto é, se a necessidade for decorrente de acidente de trânsito”, contou Moraes, informando que já foi pedido incremento do Ministério da Saúde. “Informaram que vão remanejar essas motocicletas de outras regiões que não utilizam tanto, para Fortaleza”.

Regulação
Moraes explica que todas as ligações são recebidas por um atendente localizado em uma central de regulação localizada na Ciops. “Lá tem médicos 24 horas de plantão. O atendente recebe a chamada e encaminha para o médico regulador definir se encaminha ambulância ou não. Caso positivo, ele também define qual o tipo de viatura deve ser enviada. Cada ligação tem um risco categorizado. É esse médico que define o perfil desse atendimento e da viatura, que pode ser desde a básica até a UTI móvel, que é equipada com medicamentos e outros equipamentos como aspirador e desfibrilador”.

De acordo com a SMS, os casos classificados como vermelho (alto risco de morte) têm prioridade de atendimento imediato, os casos amarelos (paciente que necessita de atendimento urgente, porém não corre risco de morte iminente) é priorizado após os casos mais graves. Os classificados como verde são os que merecem atendimento médico, porém, sem urgência, devendo o paciente dirigir-se a unidade de saúde mais próxima por meios próprios ou saber que aguardará a ambulância por um tempo maior.
O tempo de espera depende dessa classificação. Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que “o tipo de atendimento mais comum solicitado ao Samu Fortaleza é o trauma, devido a acidentes de moto, carro e causas externas, seguido por demanda de atendimento clínico”.

SERVIÇO
Em situação de urgência, ligue para o Samu: 192
Para reclamar sobre o atendimento do Samu
Ouvidoria: 3433 7434.

O.E. – Camila Vasconcelos

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