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Fúria Primitiva é ação e reflexão em uma ótima direção de Dev Patel (Crítica)

Dirigido, escrito e estrelado por Dev Patel (Quem Quer Ser Um Bilionário?), Fúria Primitiva é algo que vai além da nova maneira de fazer filmes de ação, visto que é uma história que tem uma mensagem para passar e uma reflexão para gerar.

Após anos de raiva reprimida, um lutador descobre uma maneira de se infiltrar no enclave da elite. Ele logo embarca em uma campanha explosiva de vingança para acertar as contas com os homens que tiraram tudo dele.

Um dos estilos de filmes que tem se popularizado nos últimos anos é o “John Wick Movies”, projetos no qual fazem suas cenas de ação inspiradas na franquia estrelada por Keanu Reeves. Apesar de ter bons longas-metragens com esta inspiração, como Anônimo, Resgate e Atômica, é praticamente nulo a existência de filmes com o mesmo charme de John Wick. Bom, isso até o lançamento de Fúria Primitiva.

Mesmo que John Wick não tenha uma história bem elaborada, seus projetos se destacam para algo além de cenas de ação revolucionárias. Isso sendo pelo seu design de produção vintage e mitologia em seu universo de assassinos. Em seu primeiro filme como diretor, Dev Patel traz todas as características da Índia para, justamente, dar o charme que um projeto como esse precisa.

Com uma população de 1,4 bilhão de pessoas, a Índia é conhecida por ter muitos lugares apertados, e também por ser muito sujo. Sabendo disso, Patel procura mostrar o protagonista sempre em cenários muito estreitos, principalmente quando está conseguindo adentrar no mundo do crime, que também serve como analogia à sujeira do país. 

Durante isso, temos um ritmo frenético, onde tudo se encaixa bem com a narrativa e todos os temas estão bem relacionados com o projeto num todo. Da preparação à execução da vingança, pode se dizer que é mais de uma hora de prender atenção e de sentir cada golpe dado em suas cenas de luta. Mesmo não sendo elegante como Keanu Reeves, Dev Patel traz enfrentamentos tão sujos quanto às periferias de seu país 

Contudo, fora a vingança, o projeto tem um forte crítica a líderes mundiais que possuem governos através da religião. No caso do contexto do filme, além de indicar que muitas pessoas se aproveitam de crenças para ganharem poder e popularidade, ainda expõe a hipocrisia de chefes religiosos, visto que muitos apenas usam de crenças para manipular as massas.

Além do mais, o roteiro do próprio Dev Patel, juntamente com a dupla Paul Angunawela (Keith Lemon) e John Collee (Hotel Mumbai), salientam como muitas figuras religiosas pregam amor e respeito, mas no final das contas apenas causam separação, desrespeito e segregação. Fora, como é mostrado no filme, muitas dessas pessoas são envolvidas diretamente com o crime organizado. 

Tudo isso é reforçado no segundo ato, quando o protagonista encontra um grupo de pessoas transgêneras que vivem à margem da sociedade. A narrativa os usa para mostrar como alguns líderes têm interesse que parte da população viva em situação de perseguição, desamparo e marginalidade.

Neste momento, a narrativa vai por ritmo mais desacelerado, parecendo que se cria uma barriga na história. Contudo, é neste momento de pausa que o protagonista passa por uma reflexão de toda sua jornada vingativa, mas não tenta mostrar para o mesmo que o seu desejo é errado, e sim para fazer com que ele aceite o passado, para tirar toda suas impurezas e ficar fortalecido para os seus objetivos.

Por fim, Fúria Primitiva é um filme que é consequência da revolução de John Wick. Porém, diferente de outras produções, esta narrativa tem muito o que contar além de uma história de vingança em meio a cenas de ação incríveis. Dev Patel em sua estreia como diretor traz impacto tanto nas lutas como em seu discurso sobre marginalidade e uso de uma crença para uma nação. Apesar de algumas confusões em edições de coreografias, o projeto é muito competente em todos os aspectos.

Nota: 8/10

Também leia nossa crítica de Furiosa: Uma Saga Mad Max, Planeta dos Macacos: O Reinado e O Dublê.

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