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Furiosa é o melhor de Mad Max nas pretensões e na atitude (Crítica)

Dirigido por George Miller (Babe: Um Porquinho Atrapalhado), Furiosa: Uma Saga Mad Max não só aprofunda na história de uma figura marcante na franquia, como ainda traz questionamento ao caráter de alguém em um mundo perdido.

Após nove anos do lançamento de Mad Max: Estrada da Fúria, é revelada a história de origem de Furiosa. Agora acompanhamos como a personagem se tornou um dos maiores ícones femininos do cinema, tendo que lidar por estar no meio de uma guerra entre o já conhecido Immortan Joe, e um novo líder de gangue de motoqueiros, Dementus.

Mesmo sendo famosa pela ótima interpretação de Charlize Theron no filme de 2015, o longa-metragem não é sobre as atrizes que interpretam a personagem, e sim sobre a história dela e ela em si. Não é à toa que o roteiro de George Miller e Nick Lathouris (Três Mil Anos de Desejo) não se preocupa em mostrar sua grande estrela no início da narrativa, explorando de maneira surpreendente a infância da protagonista.

Com Alyla Browne (True Spirit) interpretando a versão jovem de Furiosa, conhecemos o paraíso verde comentado em Estrada da Fúria, e como a protagonista foi sequestrada do local. Durante isso nos é apresentado o vilão do projeto, Dementus, vivido por Chris Hemsworth (Thor: Ragnarok), e através da relação de ambos acompanhamos uma das principais pautas do filme, que é vingança.

O desejo de vingança de Furiosa contra Dementus é compreensível e identificável, uma vez que a mesma foi retirada do seu lar, teve sua infância destruída e sua mãe morta. No entanto, o roteiro vai além de uma história de retaliação, questionando se este ato é o melhor para a protagonista, colocando não só a índole de Furiosa em teste, mas também trazendo uma reflexão se é tão importante tentar manter o seu caráter em um mundo que o destrói.

Mad Max desde seu primeiro filme em 1979 mostra ser uma história de sobrevivência em um mundo distópico, colocando à prova todos os personagens para permanecerem vivos. Furiosa veio para reforçar tudo isso, onde em mundo cheio de sujeiras, tentar ser o mais limpo é ir contra um instinto de sobrevivência, deixando claro que se não for alguém como Dementus para lhe moldar ou morrer a um apocalipse, há outros por aí para fazer o mesmo.

No meio disso tudo há um ótimo trabalho de todo o elenco, no qual a protagonista Anya-Taylor Joy (Gambito da Rainha), não só consegue dominar bem a essência de personagem, como também faz jus ao trabalho de sua primeira intérprete, mostrando que há camadas na mesma no meio de toda aquela violência. Além disso, também há o trabalho notável de Hemsworth, que faz uma interpretação fora do seu usual, construindo um vilão que enlouquece mais a cada ato da narrativa.

Ainda há atuação de Lachy Hulme (Matrix Revolutions), que, apesar de fazer um trabalho interessante como o icônico Immortan Joe, o roteiro do projeto não o utilizou da melhor maneira. Era esperado que o marcante vilão de Estrada da Fúria tivesse um maior desenvolvimento no filme solo da Furiosa, visto que a personagem é importante para o antagonista do filme de 2015. Contudo, o projeto apenas arranha isso, uma vez que o mesmo demonstra interesse que o protagonista seja uma das mães de seus filhos, mas não percebe que ela fugiu e está fingindo ser outra pessoa. 

Eu entendo que o objetivo do filme seja focar na vingança de Furiosa contra Dementus, porém, também existe uma necessidade de construção do ódio da mesma contra Immortan Joe, visto que as ambições da protagonista em Estrada da Fúria estão diretamente ligadas ao seu desgosto contra o vilão. Talvez certos espectadores achem o fato dela ver outras mulheres terem sua liberdade cerceada o suficiente para sua motivação, contudo, particularmente, não vejo que isso foi aproveitado da maneira necessária para essa construção.

Apesar de tudo isso, o filme ainda não deixa de brilhar em relação aos outros pontos ditos anteriormente, fora a principal característica em volta da franquia Mad Max, as cenas de ação. A cada longa-metragem deste universo, George Miller parecia estar superando o nível para criar e montar embates de carros, chegando ao seu ápice no filme de 2015. 

Agora neste novo projeto, Miller não só mantém o escopo do longa-metragem anterior, como ainda consegue fazer um incremento das cenas de ação, mostrando que dentro de sua cabeça não há limites do que pode ser feito, principalmente de maneira prática. E este é um dos maiores charmes da narrativa, tudo é palpável, do deserto apocalíptico ao capotamento de carro.

Por fim, Furiosa: Uma Saga Mad Max reforça o motivo de ser uma das maiores e melhores franquias de ação da história, não só pelas suas questões técnicas para gênero, que são de um patamar muito acima da média, também pela reflexão que traz ao caráter humano diante do fim do mundo. No entanto, apesar do projeto ter muitos caprichos, certos pontos do roteiro não são tão caprichados, fazendo com que você passe boa parte da narrativa pensando “já já eles ajeitam isso”, e nada acontece. Apesar disso, não apaga todas as características que fazem o filme ser tão bom quanto qualquer outro projeto Mad Max, sua loucura, insanidade e atitude. 

Nota: 8,5/10

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