Sendo provavelmente o último título da franquia, Kung Fu Panda 4 chega aos cinemas abaixo do patamar que os fãs estão acostumados. Mesmo sendo divertido, o filme derradeiro é um abraço mediocridade em um encerramento que pode decepcionar a depender da expectativa de quem for assistir.
Depois de três aventuras arriscando sua própria vida para derrotar os mais poderosos vilões, Po, o Grande Dragão Guerreiro é escolhido para se tornar o Líder Espiritual do Vale da Paz. A escolha em si já problemática ao colocar o mestre de kung fu mais improvável do mundo em um cargo como esse e além disso, ele precisa encontrar e treinar um novo Dragão Guerreiro antes de assumir a honrada posição, e a pessoa certa parece ser Zhen, uma raposa com muitas habilidades, mas que não gosta muito da ideia de ser treinada. Como se os desafios já não fossem o bastante, a Camaleoa, uma feiticeira perversa, tenta trazer de volta todos os vilões derrotados por Po do reino espiritual.
Acrescentar mais uma história na saga de Po não é um trabalho fácil, visto que os três primeiros filmes conseguem fechar bem uma jornada do protagonista como o Grande Dragão Guerreiro. No entanto, o roteiro deste quarto longa-metragem tem um ótimo ponto de partida, que é Po achar um sucessor na função de protetor do Vale da Paz. Apesar da boa premissa, a direção da dupla Mike Mitchell (Shrek 4: Para Sempre) e Stephanie Stine (She-Ra e a Princesa do Poder) não consegue construir uma narrativa digna para franquia, que é de autoconhecimento e amadurecimento.
Desde o primeiro filme, as jornadas de Kung Fu Panda sempre tiveram o objetivo de amadurecimento, buscando mostrar como lidar com seus problemas internos e externos. Além disso, a franquia habitualmente procurava passar uma jornada de autoconhecimento, com objetivo de você se entender no contexto que vive e expor o seu verdadeiro potencial. Infelizmente, o quarto título da franquia da Dreamworks não conseguiu abraçar essa essência, no qual acabou entregando uma história boba demais até para os padrões de Kung Fu Panda, visto que não é possível sentir nenhum amadurecimento do protagonista.
Mesmo sendo decepcionante nesse sentido, é inegável que o filme ainda consegue divertir minimamente, arrancando algumas risadas, muito provavelmente em grande maioria do público infantil. Contudo, é notório a falta de inspiração na hora de criar as coreografias de lutas, onde, antes havia cenas épicas e emblemáticas de kung-fu, agora há apenas embates que abraçam a mediocridade.
Ademais, a vilã A Camaleoa é mais um aspecto do filme sem inspiração, visto que até possui um objetivo e um background interessante, mas que no final é apenas uma personagem essencialmente reaproveitada com base no General Kai, antagonista do terceiro filme da franquia. Ambos os personagens querem se provar como poderosos, mas para isso precisam roubar as habilidades de outros mestres, estejam eles vivos ou mortos. E se não fosse o suficiente um vilão tão insosso, a direção e o roteiro ainda o transformaram em um monstro gigante para ser enfrentado, sendo basicamente um retrocesso na franquia, que antes nunca precisou de tal mediocridade para criar um bom clímax.
Outro ponto que deixa a desejar é sua direção de arte e sua fotografia, uma vez que em momento nenhum há uma verdadeira ousadia nos seus enquadramentos e na maneira que a animação foi feita. Quem acompanha a franquia sabe que nunca faltou criatividade para criar momentos diferentes do habitual na narrativa, onde sempre contou com uma animação diferente para momentos especiais e uma fotografia pouco utilizada em animações. No entanto, o quarto filme não consegue nem ser ousado nesse sentido, tendo a normalidade visual a todo momento.
Por fim, Kung Fu Panda 4 definitivamente não é ruim no olhar do seu público alvo, que é o infantil, onde irá conseguir divertir com lutas e piadas bacanas. Porém, em comparação aos predecessores, o projeto não consegue ser digno de comparação, uma vez que não consegue fazer o mínimo que os filmes anteriores fizeram, seja em seus aspectos técnicos ou narrativos. Tudo isso faz com que o provável último título da franquia seja um encerramento esquecível e medíocre para uma jornada que é a verdadeira antítese disso tudo.
Nota: 6/10
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