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Planeta dos Macacos: O Reinado mantém o nível da franquia (Crítica)

Dirigido por Wes Ball (Maze Runner), Planeta dos Macacos: O Reinado mantém o nível de seus sucessores e aparenta preparar um novo terreno para a franquia, que ainda tem muito potencial. Além disso, mais uma vez vemos como uma obra fictícia pode falar mais sobre nossa realidade do que imaginamos.  

Ambientado 300 após a Planeta dos Macacos: A Guerra, este novo projeto da franquia mostra que muitas sociedades de macacos cresceram desde quando César levou seu povo a um oásis, enquanto os humanos foram reduzidos a sobreviver e se esconder nas sombras. Apesar de ser responsável pela segurança da nova geração de primatas evoluídos, muitos não conhecem os feitos de César. E é neste novo cenário que um líder macaco começa a escravizar outros grupos para encontrar tecnologia humana, enquanto um jovem macaco, que viu seu clã ser capturado, embarca em uma viagem para encontrar a liberdade, sendo uma jovem humana a chave para todos.

Dar continuidade a uma das franquias mais clássicas da sétima arte não é uma tarefa fácil, principalmente após uma trilogia contando a história de Caesar, que se tornou um dos melhores personagens da cultura pop do século. Contudo, o roteiro de Josh Friedman (Guerra dos Mundos) traz não só uma história divertida de se acompanhar, mas também um acréscimo a um universo que a cada filme se torna mais interessante. 

Acompanhar o protagonista Noa, vivido por Owen Teague (It: A Coisa), buscando salvar o seu clã do autoproclamado Rei Proximus, interpretado por Kevin Durand (X-Men Origens: Wolverine), é apenas a primeira camada do projeto. É muito interessante como o roteiro consegue aproveitar a história de Caesar contado nos últimos três filmes, mas não fazendo autorreferências ou easter eggs, na verdade, trazendo discussão como o ser humano utiliza da história ao seu favor, e que por vezes nem mesmo conhecemos a verdade por trás delas.  

Mesmo sendo uma figura histórica nesse universo, nenhum dos personagens símios têm o conhecimento de sua verdadeira história, como o próprio protagonista, que nem o conhece. Além disso, ainda há o vilão da narrativa, que distorce os seus propósitos a seu favor, e orangotango Raka, vivido por Peter Macon (The Overville), que não entende os verdadeiros ideais de Caesar, e acredita em algo que é uma inverdade. Traçar paralelos com nossa realidade é algo quase instantâneo, visto que muitos líderes já se aproveitaram de visões distorcidas de figuras históricas ou crenças, fora aqueles que seguem fielmente certas concepções, mas, na verdade, nem imagem que elas não estão certas quanto acreditam. 

O protagonista nesse contexto precisa escolher no que prefere acreditar, e mesmo também conhecendo pouco a verdadeira história de Caesar, decide ir pela sua própria perspectiva, que é o bem de seu clã. Aliás, a criação do conceito de diferentes tribos de macacos não é só interessante para o filme em si, como também acrescenta muito no universo da franquia. 

A escolha de Noa está diretamente ligada as ações da personagem Mae, vivida por Freya Allan (The Witcher), uma vez que, apesar de dar uma ajuda ao protagonista, a mesma tem seus próprios objetivos, que são pelo bem da humanidade. Ademais, toda história humana nesta narrativa é, talvez, a mais interessante destes quatro novos filmes da franquia, visto que não é maniqueísta e é mais complexa do que imaginamos. 

Se estamos falando sobre Planeta dos Macacos, obviamente é necessário se pontuar a computação gráfica dos personagens símios. Os efeitos especiais comandados por Matt Holmes (The Last Of Us), e a capturas de movimentos supervisionadas Jarrell Hall (Aquaman e o Reino Perdido) não só fazem um trabalho notável, como também se equiparam da última trilogia.

O final da narrativa é intrigante, deixando um gancho para uma possível continuação, no qual talvez veremos a raça finalmente se unindo por inteira pelo seu bem. Em contrapartida, expõe como os macacos parecem estar cada vez mais divididos, fazendo com que o mandamento de Caesar, “macacos unidos são fortes”, esteja se perdendo e os deixando mais parecidos com os humanos.

Por fim, Planeta dos Macacos: O Reinado mostra como a franquia ainda tem o que mostrar nas telas dos cinemas, principalmente através de artistas como Wes Ball e John Friedman, que não querem contar só uma boa história, mas também passar uma mensagem. Além disso, o projeto, mesmo não tendo, até então, um protagonista tão marcante quanto Caesar, mostra que o mesmo tem potencial para tal. Sendo que, assim como o homem olhou para as estrelas em busca de conhecimento, Noa no final do filme faz o mesmo para se preparar para o estar por vir. 

Nota: 8/10

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