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Protagonismo feminino avança, mas ainda há desafios

1362657384O Dia Internacional da Mulher é marcado por homenagens, mas, na verdade, a data foi criada dentro de uma realidade de lutas por melhores condições de vida, incluindo também o direito ao voto. Saindo da condição coadjuvante na sociedade, a mulher assume seu protagonismo ao longo do tempo. No entanto, os avanços não vieram sem dores. A igualdade entre os gêneros ainda é um desafio.

Segundo o relatório da ONU Mulheres, em todo mundo, as mulheres recebem 24% menos que os homens. As lacunas para mulheres com filhos são ainda maiores. Na Política, a presença feminina tem baixa representação. O Brasil tem uma das taxas mais baixas no mundo de presença das mulheres no Congresso Nacional. De acordo com dados da União Interparlamentar, as mulheres no mundo são 22,6% dos representantes do povo no Poder Legislativo. No nosso país elas são apenas 8,6%.
A violência contra a mulher é outra situação que não para de avançar no País.

O Brasil ocupa a quinta posição no ranking global de homicídios de mulheres, entre 83 países elencados pela Organização das Nações Unidas (ONU), atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Os números constam do estudo “Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil”, realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.

A estimativa feita pelo Mapa, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde, alerta para o fato de que a violência doméstica e familiar é a principal forma de violência letal praticada contra as mulheres no Brasil. A cada sete homicídios de mulheres, quatro foram praticados por pessoas que tinham relações íntimas de afeto com a vítima.

Apesar dos entraves sociais, econômicos e culturais, as mulheres ganham, a cada dia, mais voz e reforçam o seu empoderamento. Ano passado, diversas campanhas, como #PrimeiroAssédio, #MeuAmigoSecreto, dominaram as redes sociais, contribuindo para o debate da igualdade de direitos. Avançando, elas vão mostrando que o lugar das mulheres é onde elas quiserem.

Sem preconceito
Atualmente, muitas mulheres ocupam funções que antes eram classificadas como essencialmente do gênero masculino. Piedade Aguiar trabalha como bombeiro civil no Shopping Parangaba. Segundo ela, os desafios da profissão continuam sendo o preconceito da sociedade sobre a capacidade de uma mulher exercendo cargos majoritariamente masculinos. Piedade afirma que muitos ainda têm a falsa impressão de que a profissão é para homens, pelo fato de eles serem mais fortes. Contudo, acredita que as mulheres se dedicam mais e trabalham com mais vontade, o que faz a diferença no dia a dia.
Na profissão há dois anos, sua primeira oportunidade de trabalho foi no shopping. “Sinto o respeito que se tem por mim, aqui. Desde os meus superiores até os meus colegas de trabalho”, afirma. Ela completa, com orgulho, o sentimento de gratidão que tem pelo reconhecimento de sua família. “Muitas vezes eu sinto que eles têm orgulho de mim, por conta dos meus conhecimentos e por ser a primeira da família a ter uma profissão diferente”.

Trabalhando na Coelce, três profissionais são sinônimo de força e determinação, quebrando os preconceitos. Ângela Regina de Sousa, 45, há 16 anos trabalha como leiturista. Mora no bairro Bonsucesso, mãe de três filhos e avó de dois netos. Sâmia Vieira de Oliveira, 27, trabalha como auxiliar de poda. Ela conta que diariamente as pessoas ficam surpresas ao se depararem com o seu trabalho. “Elas param, gravam e até duvidam que eu sou mulher”. Sâmia se orgulha do trabalho e conta que gosta de ser um diferencial na sociedade. Maria Aparecida de Farias, 49, também é leiturista. Segundo ela, a coisa mais interessante do seu trabalho é poder andar por lugares diferentes e conhecer pessoas constantemente. Além disso, conta que, por onde passa, as pessoas se surpreendem com a ocupação profissional.

Destaques aéreos
Elas mulheres dominam uma atividade que, por muito tempo, foi dominada pelo universo masculino. A tenente da Polícia Militar (PMCE), Lívia Marinho de Carvalho Galvão, 32, e a tripulante operacional da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), Juliana Braga, 31, alcançaram o respeito da corporação e compõem as ações aéreas de segurança do Estado.
No dia a dia, elas mostram muito mais do que força, competência e habilidade para desempenhar bem a função de salvar vidas com a sensibilidade para conciliar as responsabilidades da casa e da família. Sendo a segunda do sexo feminino a se formar como piloto pela Ciopaer, a tenente Lívia Marinho é, atualmente, a única mulher a comandar um voo das forças de segurança do Estado. “Quando entrei na PMCE existiam vários setores na corporação. Uma delas era da Ciopaer – que trabalha com a parte operacional e ostensiva aérea. Sempre achei incrível a possibilidade de trabalhar voando e ter a oportunidade de pilotar uma aeronave. Essa é a razão que me motivou: a emoção de trabalhar voando”, reiterou a piloto.

Com responsabilidades tão desafiadoras quanto à de comandar uma aeronave, está o trabalho Juliana Braga. A tripulante é habilitada para atuar em ações aéreas de policiamento, socorro especializado e defesa civil. “Acredito que as mulheres já têm conquistado seus espaços em ambientes, habitualmente, dominado pelo público masculino – a exemplo das forças de segurança e outros setores. Claro que isso se dá com muita dedicação e quebra de paradigmas. Não costumo usar a palavra preconceito, mas acho que ainda há uma desconfiança. Muitas das vezes, somos olhadas com uma certa desconfiança, principalmente com atividades que requerem esforço físico – como é o caso da minha função de tripulante operacional. Porém, aos poucos, provamos que nossa coragem supera qualquer barreira de gênero”, disse.

O.E.

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