Um levantamento realizado pelo Censo Penitenciário do Ceará revela que a maioria dos presos no estado é composta por homens, negros ou pardos, com uma média de idade em torno dos 29 anos. A pesquisa, que entrevistou 22.666 indivíduos nas unidades prisionais estaduais, aponta que 28,8% das prisões foram decretadas devido a delitos relacionados ao tráfico de drogas, enquanto 25% se referem a roubos simples.
Além disso, a pesquisa mostra que 58% das pessoas presas residem em Fortaleza e nas cidades da Região Metropolitana. A amostragem revela que 43,2% se autodeclaram evangélicas, mais de 30% são pretas ou pardas, 26,7% cometeram seu primeiro crime entre 14 e 17 anos e 27,5% relataram ter sofrido violência familiar durante a infância e adolescência. Este foi o segundo censo realizado no Ceará, o primeiro ocorreu em 2013.
Ana Karine Bezerra Pinheiro, coordenadora da pesquisa e diretora da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da UFC (FFOE), destacou que a pesquisa abrangeu praticamente toda a população carcerária do Ceará. Os dados foram coletados levando em conta o contexto social tanto anterior quanto durante a permanência no sistema penitenciário.
A professora enfatizou a relevância de estudos acadêmicos sobre o sistema prisional e revelou que uma nova amostragem está prevista para 2025. Álvaro Maciel, secretário executivo da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado do Ceará (SAP), explicou que, diferentemente de edições anteriores, a pesquisa contou com a participação integral do efetivo de policiais penais e da população carcerária. No entanto, ao ser questionado sobre o impacto das facções criminosas nas unidades prisionais e seu reflexo na criminalidade do Ceará, o secretário optou por não comentar, citando o período eleitoral.
Esta pesquisa é fruto de uma colaboração entre a UFC e a SAP, com o apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) por meio do Programa Cientista-Chefe. Além dos dados sobre a população carcerária, as investigações da UFC também incluem análises do trabalho dos policiais penais, abordando questões como o consumo de substâncias psicotrópicas, saúde mental, horas de trabalho, práticas de atividades físicas e o contexto familiar dos indivíduos.
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