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Anti-inflamatórios podem auxiliar no tratamento da depressão resistente

Procurando conter o crescimento dos casos de depressão, pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) têm estudado opções de tratamento para a depressão refratária. A condição é caracterizada pela falta de resposta aos tratamentos convencionais e pela cronicidade dos sintomas.

Uma hipótese que ganhou força recentemente é a de que a depressão possa surgir devido a processos de inflamação crônica no organismo, já que muitos desses pacientes apresentam níveis elevados de marcadores inflamatórios. Partindo dessa ideia, pesquisadores do Laboratório de Neuropsicofarmacologia da UFC decidiram investigar se anti-inflamatórios poderiam ser uma nova opção para tratar a depressão refratária.

Com orientação da professora Cléa Florenço, o doutorando Daniel Moreira está à frente desse estudo no Laboratório de Neuropsicofarmacologia da UFC. Considerando a teoria inflamatória associada à depressão, a equipe decidiu testar anti-inflamatórios seletivos em doses baixas para observar seu impacto sobre sintomas depressivos e ansiosos.

Anti-inflamatórios podem auxiliar no tratamento da depressão resistente
Foto: Ribamar Neto / UFC

Ao todo, já foram testados dois anti-inflamatórios comuns no Brasil: o celecoxibe e o etoricoxibe, ambos usados no tratamento de inflamações e doenças crônicas, como a artrite reumatoide e a osteoartrite. Esses medicamentos, que pertencem à classe dos anti-inflamatórios não hormonais, inibem a enzima COX-2, envolvida em processos inflamatórios, e têm sido associados a uma melhora de condições neurodegenerativas e transtornos de humor.

Os experimentos, realizados no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da UFC, analisaram os efeitos desses medicamentos no sistema nervoso central. Primeiramente, foram induzidas reações comportamentais e inflamatórias em camundongos através de uma molécula da bactéria Escherichia coli que é capaz de provocar inflamações agudas.

Com o modelo experimental estabelecido, os pesquisadores investigaram se a exposição à molécula poderia influenciar o desenvolvimento de transtornos de humor. Outro ponto analisado é se o uso de anti-inflamatórios poderia reverter esses efeitos.

Após cinco dias de tratamento com doses baixas dos medicamentos, houve uma reversão dos sintomas comportamentais depressivos nos camundongos, acompanhada por uma diminuição dos marcadores inflamatórios e do estresse oxidativo no cérebro. Além disso, os medicamentos estimularam o sistema de defesa antioxidante nas células nervosas, reforçando a hipótese de que a inflamação está ligada a transtornos depressivos.

Apesar dos resultados promissores, a equipe ressalta que os testes foram realizados em camundongos e ainda não é possível determinar a eficácia ou a dosagem adequada para humanos. Nesse sentido, o pesquisador alerta que o uso de anti-inflamatórios como o celecoxibe e o etoricoxibe deve ser feito exclusivamente sob prescrição médica, considerando seus efeitos colaterais.

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